Recentemente, pediram-me para arrumar uns tantos papéis, na sua maioria guardados em micas, que estavam há largos anos numa arrecadação dentro de um saco de plástico. Tive a sempre grata sensação de re-descobrir coisas de que já não me lembrava, atirar uma série de inutilidades para o lixo e recuperar outras coisitas que julgava perdidas. Uma destas foi uma folha A-4 dactilografada, contendo um pequeno poema numa forma poética não muito canónica – mas que serve para o efeito – sobre uma "alma ruim e cruel". Ao lado está uma data, a tinta: 1970. Reproduzo-o aqui, porque pode ser de interesse coleccionável para algum leitor.
A VIAGEM TÃO DESEJADA
Alma ruim e cruel que enfim partiste
Tão tarde, diz o povo descontente
Repousa lá no inferno eternamente
Que nenhum português ficará triste.
E, se lá no inferno onde subiste
Memórias deste mundo se consente,
Não esqueças a tua lusa gente
A quem tão mau trato infligiste.
E, se vires que podes compensar
De algum modo a dor que nos causaste,
Reza a Deus em quem sempre confiaste
Que bem cedo te faça acompanhar
A VIAGEM TÃO DESEJADA
Alma ruim e cruel que enfim partiste
Tão tarde, diz o povo descontente
Repousa lá no inferno eternamente
Que nenhum português ficará triste.
E, se lá no inferno onde subiste
Memórias deste mundo se consente,
Não esqueças a tua lusa gente
A quem tão mau trato infligiste.
E, se vires que podes compensar
De algum modo a dor que nos causaste,
Reza a Deus em quem sempre confiaste
Que bem cedo te faça acompanhar
Da corja de bandidos que deixaste.
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