Esta é uma clássica expressão latina que continuou até aos nossos dias, especialmente em linguagem jurídica. Sempre gostei daquilo que a pergunta implica: É para benefício de quem? Serve a quem? Cui bono implica a existência de uma utilidade ou um interesse próprio como valor primordial de uma determinada acção.
O homem não muda tanto quanto por vezes se pensa. A tecnologia à sua volta e ao seu dispor, sim. O homem sempre sonhou em voar como as aves, num exemplo como tantos outros, mas faltava-lhe a tecnologia. Homens a voar como o SuperHomem de ficção, o mitológico Ícaro, ou a mais real Passarola do Padre Bartolomeu de Gusmão são de tempos mais ou menos remotos. Mas os aviões só apareceram há pouco mais de cem anos. Tal como os aviões, tantos outras novidades do mundo tecnológico. E mudaram o homem? Certamente que lhe deram novas perspectivas e alargaram o seu mundo de ideias, mas em questões de estrutura psicológica, de euforia e tristeza, vingança e perdão, verdade e mentira, desejos e frustrações, invejas e ciúmes, não terão alterado muito as coisas. De onde a presença da questão "Cui bono?" se manter perfeitamente actual.
Quando a oposição parece rejubilar com os problemas reais da economia e finanças de Portugal, cui bono?
Quando o primeiro-ministro e o presidente do governo regional da Madeira se reconciliam, cui bono?
Quando as agências de rating afundam a realidade portuguesa e a espanhola, depois de terem feito algo semelhante com a grega, cui bono?
Quando, em 1945, o governo dos EUA antes de mandar lançar as bombas atómicas sobre o Japão referiu como argumento que estava a defender cerca de 500 mil tropas americanas estacionadas no Pacífico embora o verdadeiro número fosse de apenas 46 mil, cui bono?
Quando o Brasil convence os países de língua oficial portuguesa a usar uma nova ortografia, cui bono?
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