5/17/2010

Uma questão de racionalidade?


Tive ontem ocasião de voltar ao areal da praia que habitualmente frequento. Foi muito gratificante verificar que do Verão de 2009 para hoje se produziu uma enorme alteração, para melhor. Sucedeu que, no ano passado, a areia praticamente desapareceu. Houve barracas, entre as quais aquelas que os meus amigos e eu costumamos alugar, que só puderam ser armadas nos locais habituais depois de bulldozers para lá terem transportado várias vezes significativas quantidades de areia. As costumeiras vozes pessimistas prenunciaram que a "nossa" praia iria morrer, tal era a quantidade de rochas que tinham aflorado devido ao desaparecimento da areia. Só o banheiro experiente nos dizia, com a sabedoria de quem já viu muitos anos de areal e de mar, que tudo voltaria ao habitual.
Felizmente que o banheiro teve mesmo razão. Devido à pluviosidade excepcional que se registou este ano, o rio que desagua ali perto trouxe enormes quantidades de terra dos sítios por onde passa. Toda essa terra, em conjunto com a força das marés, mudou o cenário completamente. Hoje não se vê praticamente uma rocha. A praia está melhor do que nunca.
Ao longo do meu passeio de ontem pelo areal imenso, não consegui coibir-me de pensar num certo contraste entre esta natureza e o homem: se a natureza, que é irracional, se auto-corrige, é estranho que o homem, ser racional, não o consiga sempre fazer. Será que vamos ter de inverter os conceitos de racionalidade?

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