1/13/2006

Informalidades

O eufemismo copiou a moda do inglês-americano e a coisa pegou. Assim, diz-se que quase metade dos trabalhadores da construção civil em Portugal actua "na informalidade". Quer dizer "na ilegalidade", como é evidente. Grave. Não a palavra, mas a situação. Cruzamentos de dados estão a produzir resultados interessantes. Os assalariados, aqueles que os empresários incluem nos "postos de trabalho" que se gabam de criar, afinal não descontam para a Segurança Social. Nem eles, nem os patrões, claro, pois descontos de 23,75% sobre o ordenado é algo que é melhor guardar no bolso. Viva a honestidade portuguesa! Ao todo, e apenas neste sector, as estatísticas referem 260 mil pessoas. São números que explicam bem a nova escravatura, o maná para os patrões que querem quantos mais ucranianos, africanos e brasileiros melhor. Até que enfim há dados realistas sobre a onda de imigração que há anos vem desaguando no país. Espera-se do governo mão pesada sobre os empresários da construção civil: a segurança social precisa de fundos (correspondentes a 34,25% dos ordenados de cada trabalhador, se incluirmos ambas as partes) e os negócios, sejam de que ordem for, devem ser legais para que a concorrência seja leal. Estou a ser utópico, não estou?
O Banco de Portugal ousou avançar com um número relativamente à economia paralela ou informal: 22,1 por cento do Produto Interno Bruto. Uma brutalidade! Ou uma informalidade brutal.

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