Com toda a justificação, é bem conhecida a questão levantada por Shakespeare no seu Romeu e Julieta: "What's in a name? that which we call a rose /By any other name would smell as sweet". A despeito dessa verdade universal expressa pelo velho Bill, há mesmo assim nomes que deixam atrás de si conotações fortes. Será que uma Adalberta pode, na nossa primeira impressão, amar com a mesma paixão de uma Florbela? Um Austregésilo pode alguma vez vingar no meio artístico? Por razões destas e por outras, um Leovegildo que conheci há longos anos era tratado por Mioches. É um caso possível de pior a emenda que o soneto, à semelhança daquela vez em que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu mudar o nome da Travessa dos Baldaques, por acaso não longe de minha casa, para Rua dos Baldaques. Foi uma promoção.
Os nomes têm realmente alguma força, apesar de Shakespeare pretender, com o seu belo exemplo da rosa, apenas unir pelo amor os Capuletto e os Montagues. A seguinte história, verídica, atesta a força dos nomes. No leste europeu, meses depois do final da 2ª Grande Guerra, apareceram um dia junto da casa e pequena propriedade de uma velhota, viúva, que vivia sozinha, quatro homens em uniforme. Eram dois russos e dois polacos. Andavam a delimitar a fronteira entre a União Soviética e a Polónia. Deram-lhe, simpaticamente, a opção de escolha: "A sua casa cai praticamente em cima da linha fronteiriça. Perguntamos-lhe: prefere ficar do lado russo ou do lado polaco?" "Do lado polaco, evidentemente," respondeu a senhora. "Eu podia lá suportar aqueles terríveis Invernos russos!"
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