Quando compramos um CD, fazemo-lo geralmente por causa de duas ou três faixas que, na altura, consideramos excepcionais. Ouvi-las é um deleite. Relativamente às outras faixas, porém, elas interessam-nos pouco ou nada. Não as conhecemos a priori, mas esperamos que pelo menos não nos desagradem.
Digamos que quando apreciamos os nossos primeiros contactos com uma pessoa, estamos a ouvir as faixas que nos são agradáveis ou, mesmo mais do que isso, que adoramos. Passado o primeiro deslumbramento, aguardamos com ansiedade que as restantes partes do disco, que só ouviremos mais tarde, não nos desiludam. Porém, o mais natural é que existam umas tantas musiquinhas que claramente preferiríamos não estivessem lá.
É mais ou menos assim que vemos os outros, e é igualmente assim que os outros nos vêem a nós. É bom que tenhamos consciência de que o CD de nós próprios não é ouvido com agrado por toda a gente. Muitos recusam-se a comprá-lo. Creio que podemos dar-nos por felizes quando somos nós mesmos que notamos isso. Podemos tentar melhorar o arranjo musical de algumas das partes. Discos compactos recheados apenas de músicas boas, cada uma melhor do que a outra, são algo que não existe. Se nos consciencializarmos disso, não é impossível que saibamos viver melhor em sociedade.
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