É possível que a máxima referida no título termine habitualmente com "ajuda a Deus". Mas isso é para aqueles que não pensam em termos de Realpolitik, na qual os valores contam decididamente menos do que os resultados.
Leio no jornal que "empresas brasileiras vivem uma febre de África". O artigo informa que o comércio entre o Brasil e África mais do que quadruplicou nos últimos dez anos e que existem várias grandes empresas brasileiras, como a Petrobras e a Odebrecht, na actual ofensiva.
A priori, não gostaria de criticar. E até aplaudirei se a exploração não for a do costume. O que quero sublinhar com este brevíssimo texto é o apetite frequente de países que antigamente foram colónias e que, por esse facto, não tiveram então oportunidade de ser colonizadores, de entrarem na colonização nouvelle vague. Tal como o Brasil foi uma colónia portuguesa, os Estados Unidos foram uma colónia inglesa. E que dizer dos apetites denotados pela Austrália, antiga colónia britânica, na sua esfera de acção?
Diga-se o que se disser, estas arremetidas são sinais de verdadeira pujança e espírito empreendedor. Tal como o sol, que quando coloca uma parte do mundo no escuro passa a iluminar a outra metade, ou as marés, que vazam num lado para encher noutro, este é um ciclo. Não há nada de verdadeiramente novo neste fenómeno.
Notemos, entretanto, que o factor linguístico é um trunfo para os brasileiros em Moçambique e Angola, os países nos quais o Brasil declaradamente se interessa. Resumindo a razão dos investimentos brasileiros, disse o presidente de uma das empresas investidoras em África, a Vale do Rio Doce: "A África é uma das poucas fronteiras naturais ainda abertas para a expansão de negócios em sectores como petróleo, gás e mineração."
É um pensamento que me traz à memória Porfírio Diaz, parafraseado: "Pobre África, tão longe do céu, tão perto dos ricos do mundo!"
P.S. O sistema de controlo do blogger informa que cheguei ao meu post número 600. A informação espanta-me. Seis centenas?!
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