Lembram-se da máxima humorística que nos diz que "não são as coisas que estão caras; o nosso dinheiro é que é curto"?
Na mesma linha, não é o professor quem chumba os alunos. São os alunos que se reprovam a si próprios (assim, a responsabilidade fica toda do lado dos alunos, mesmo que mais de 50 por cento da turma chumbe.)
Não são os pensionistas do sector privado que estão mal. São os pensionistas do sector público que estão privilegiados (assim, o Estado paga menos).
Não é o correio normal que está lento. É o correio azul que está melhor (e é mais caro para o utente).
Porque será que os alunos de uma escola privada têm que pagar as suas propinas até ao dia 8 de cada mês, tal como os inquilinos devem pagar aos senhorios as suas rendas até essa data, mas as empregadas domésticas só recebem no final do mês?
Neste domínio de virar o bico ao prego, o Horácio Carlos, meu primo por afinidade e cerca de cinco anos mais velho do que eu, foi o máximo. Éramos ambos miúdos. Na rua sossegada de Paço d’Arcos onde morámos durante algum tempo na mesma casa, havia um número considerável de gatos. O Horácio detestava os felinos. Mauzinho, deliciava-se a vê-los fugir desesperadamente quando lhes atirava pedras. Admitamos que isso já não era grande coisa. Mas um dia o Horácio ultrapassou os limites. Subiu ao muro de um gradeamento, agarrou num martelo que tinha trazido de casa e cravou um prego grande e forte, o mais alto que pôde, na parede do prédio. Ao prego atou uma corda. Depois, conseguiu pegar um dos gatos e colocou-o, com alguma ternura, num pilar alto junto ao gradeamento. Passou-lhe em seguida a corda à volta do pescoço. Estava ele neste preparo quando uma vizinha, que observava a cena, lhe perguntou, gritando, O que está o menino a fazer? O mau do Horácio olhou para a vizinha e parou. Largou a corda e marchou dali como se não fosse nada com ele. No dia seguinte, explicou-me, com o ar mais tranquilo do mundo, que ele não matava gatos. Eles é que se suicidavam.
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