10/09/2007

Elites políticas

Este assunto já foi abordado aqui no blog, embora haja um ponto que tem escapado e me parece importante. Após o 25 de Abril, perfilaram-se na nossa cena política algumas personalidades bem conhecidas, de que hoje não vemos continuidade. É um facto. São geralmente os seus nomes que temos em mente quando falamos em elites políticas. Em vagas sucessivas, entraram no mundo dos partidos, com assento na Assembleia da República e noutros órgãos, pessoas como Henrique Barrilaro Ruas, Natália Correia, Salgado Zenha, Mota Pinto, Maria de Lurdes Pintasilgo, Sottomayor Cardia, Magalhães Mota, Sousa Franco – infelizmente todos já falecidos -, mas restam outros nomes de pessoas ainda válidas e que só muito remotamente se pressente que voltarão à ribalta política. São nomes como os de Freitas do Amaral, Pinto Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, António Guterres, Vítor Constâncio, Rui Machete, Pacheco Pereira, Ernâni Lopes, Ângelo Correia, Rui Vilar, João Salgueiro, Álvaro Barreto, Dias Loureiro e vários outros que sobressaíram na cena partidária e parlamentar ou ministerial e que depois se "encaixaram" no mundo das empresas, da banca, e em instituições de índole diversa. A pergunta que se deverá fazer não é "Por que razão não voltam?", mas sim "Que motivação terão eles para voltar?". Olhando do ponto de vista dessas pessoas que estão mais out do que in, a pergunta é pertinente. Seria lógico que Vítor Constâncio se retirasse do governo do Banco de Portugal para se embrenhar na selva política? Que motivo suicida tiraria Rui Machete da Fundação Luso-Americana para se misturar na turba dos poluíticos? Será que a obrigatoriedade de muitos detentores de cargos oficiais declararem o seu património - que poderá depois ser consultado, v.g. por jornalistas, e discutido na praça pública - constitui um incentivo ou um desincentivo a que eles regressem? Quem vai deixar o cómodo pelo incómodo? Em nome de um regime fortemente desacreditado?!
Creio que estava a faltar este breve apontamento para a discussão.

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