10/28/2007

Exposição na Gulbenkian




Uma das actuais exposições da Gulbenkian chama-se "Um Atlas de Acontecimentos" e encerra o programa "O Estado do Mundo" incluído nas comemorações do meio século de existência da Fundação. Sem ser uma exposição enorme, ocupa dois amplos espaços do edifício e exibe trabalhos de 28 artistas de vários países. Algumas das obras foram especificamente feitas para a mostra agora exibida.
Por gostar muito do presente, com toda a multiplicidade de ângulos sob os quais ele pode ser visto, deu-me gosto apreciar as várias formas como as diferentes disciplinas de arte se expressam, de facto multidisciplinarmente. Foi bom vaguear pelas duas salas, quase desertas de público no dia em que as visitei, voltando aqui e ali atrás.
Não se esperem maravilhas. Nada há de arte tradicional, nem Kandinsky, nem Magritte, nem Warhol. Tão pouco Mondrian, a cabeça de Nefertitis ou um busto de Péricles. O número de obras não é muito significativo, mas isso não impede que possamos ter uns bons momentos de reflexão e que nos encontremos a sorrir perante certeiras irreverências. Para mim, valeu a pena.
(Numa das fotos, vê-se uma imagem do Iraque durante a Guerra do Golfo, com palmeiras abatidas a lembrarem destroços armados do conflito, como se fossem canhões ainda apontados para tudo e para nada. Na outra, um simpático crocodilo olha como um basbaque para um aparelho de televisão e dá o mote para a evolução do seu cérebro - uma explicação sobre o fundamentalismo que está patente na parede ao lado. A explicação diz o seguinte: "Fundamentalism: the rise of the crocodilian brain. Sun radiation, alcohol and fat consumption, talk radio and sports on TV overstimulate the hypothalamus. If high degree of activity in the crocodilian brain expands into the lonely system it activates the "God" spot and automatically blocks most of the rational functions of the neo-cortex. Gland secretions are geared toward systematic destruction and reproduction. Territorial reflexes and other self-preservation instincts govern all emotions: predatorial sex and cannibalism are justified. Religious ecstasy is achieved by war. The crocodile’s brain rises to fundamentalism by interpreting its own compulsions as "God’s" direct orders.")

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