10/05/2007

Labirinto da Saudade

Embora não seja meu hábito fazer transcrições, hoje transcrevo um passo do Labirinto da Saudade, pedindo que o comentem:
"Empiricamente, o povo português é um povo trabalhador e foi durante séculos um povo literalmente morto de trabalho. Mas a classe historicamente privilegiada é herdeira de uma tradição guerreira de não-trabalho e parasitária dessa atroz e maciça "morte de trabalho" dos outros. Não trabalhar foi sempre, em Portugal, sinal de nobreza e quando, como na Europa futuramente protestante, o trabalho se converte por sua vez em sinal de eleição, nós descobrimos colectivamente a maneira de refinar uma herança ancestral transferindo para o preto essa penosa obrigação. É mesmo essa a autêntica essência dos Descobrimentos. O resto, embora imenso, são adjacências.” (O Labirinto da Saudade, Eduardo Lourenço)

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