10/07/2007

A terceira estação florida de Lisboa


Parte das árvores ainda estão jovens, mas se os paisagistas quiserem plantar mais e as autoridades concordarem, elas podem criar uma terceira estação florida de uma cidade que já tem as olaias cronologicamente como a primeira estação, os jacarandás como segunda, e está a mostrar desejo de ter a Chorizia speciosa como a terceira. Se ter a cidade a florir em Fevereiro/Março/Abril e depois em Maio/Junho já é espectacular, conseguir floração bem visível em Outubro/Novembro torna-a ainda mais atraente. A Chorizia é uma árvore da família do embondeiro e pode ser de grande porte. O seu habitat natural é na parte sul do Brasil e no nordeste da Argentina. O tronco, com picos, tem a forma de um frasco mais bojudo na parte de baixo. As flores são vermelhas e brancas. Lisboa já está há muitos anos embelezada com exemplares destas árvores, v.g. no Jardim Botânico, na Praça da Alegria, no largo do Museu Vieira da Silva, na parte lateral dos Jerónimos, no Parque Eduardo VII, junto à Casa dos Bicos, e agora, já a florirem, em frente ao Centro Cultural de Belém. Dado que o CCB tem quinze anos, as cerca de 20 corízias que foram plantadas ao longo da sua fachada são relativamente recentes, mas vão constituir uma álea muito atraente no futuro, a dar o verdadeiro mote para a terceira estação de árvores em flor na cidade.
Pessoalmente, admiro os arquitectos paisagistas pelos seus conhecimentos e elevado sentido estético, sobretudo quando têm de jogar com a componente temporal. Quem planeia um grande jardim com uma mansão situada no topo de um terreno de encosta não pode gizar algo que vá encobrir a paisagem aos proprietários passados alguns anos. Todas as árvores crescem, como é óbvio, mas umas crescem mais, ou mesmo muito mais do que outras. Saber a altura média que essas árvores irão atingir de forma a embelezar a paisagem sem perturbar a vista inicial faz parte do engenho do arquitecto. Igualmente, todo o paisagista que se preze deve procurar que o jardim que planeia tenha flores praticamente todo o ano. Umas serão de canteiro, outras de arbustos como os hibiscos ou os aloendros, e outras de espécies arbóreas como as olaias, os jacarandás e as corízias, com tempos de floração claramente marcados e espaçados ao longo do ano.

Permito-me sugerir a quem lê estas linhas que dê um passeio pela cidade, deitando uma olhadela para as corízias em flor. Estas (jovens) do CCB, nas quais admito nunca ter reparado anteriormente, acabaram de ser para mim uma agradável surpresa.

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