Ainda se lembram deles? Os walkmans já terão cerca de 30 anos e, quando surgiram, representaram um novo conceito: o de ouvir música de forma estritamente individual. Os japoneses criadores dessa nova tecnologia perguntaram-se se a moda iria pegar. Pegou, e de que maneira! Estava-se já num tempo de individualismo, que aparelhos como o walkman vieram aumentar. A rádio que se ouvia em conjunto - ao serão, é possível que ainda haja quem se recorde! -, e posteriormente a televisão que se via juntamente com a família e os amigos, tendem francamente a desaparecer como emissores para plateias familiares. Com a difusão de aparelhos de TV e os seus múltiplos canais, os leitores de DVD, os mini-centros de música onde se ouve o posto ou o CD favorito, é decerto mais frequente encontrar vários aparelhos em cada casa do que apenas um. Isto significa que, mesmo no seu quarto, no quarto ao lado, na sala comum ou na cozinha, cada um pode ver o programa de televisão que mais lhe agrada, sem ter que partilhar com outra pessoa ou impor os seus gostos a outrem.
Os ipods vieram permitir a existência de uma biblioteca musical num pequeno espaço. Auscultadores enchem a cabeça de quem ouve com músicas favoritas. Se dantes se dizia, Out of sight, out of mind, agora a tendência clara é para Out of hearing, out of thinking.
Para mim foi normal, mas ao mesmo tempo curioso, ver ontem no metro que passava pela Cidade Universitária uma moça chegar sorrateiramente junto de uma amiga, certamente colega de faculdade, que estava a ouvir música com um auscultador. “Posso ouvir um bocadinho?” E, com um gesto rápido, sacou-lhe o auscultador do ouvido e colocou-o no seu. Music sharing. Porque não? Sempre é melhor que pedir uma fumaça ou uma passa.
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