Como não poderia deixar de ser, a actual cimeira de Lisboa entre a Europa e a África levanta mais uma vez o clássico tema do colonialismo. Mugabe é certamente o líder mais contestado pelos europeus, muito possivelmente devido ao facto de, entre outros actos execráveis, ter retirado terras da posse das antigas famílias colonizadoras britânicas. A este propósito permito-me lembrar as palavras do antigo dirigente negro Jomo Kenyatta: "Quando os brancos chegaram a África, nós tínhamos as terras e eles a Bíblia. Ensinaram-nos a rezar de olhos fechados. Quando os abrimos, eles tinham as terras e nós a Bíblia."
Embora estes brancos não fossem portugueses mas sim britânicos – que portugueses poriam os nativos a ler a Bíblia? -, o problema põe-se sempre da mesma forma: a ocupação das terras. A terra sempre foi vista como mãe, e sagrada por isso. Não foi por mero acaso que no nosso país os judeus podiam entrar na finança e nas artes-e-ofícios, mas não eram autorizados a possuir terras.
Dir-se-á que o Zimbabue de hoje é muito menos rico do que foi aquando da colonização britânica. Quem duvida? No entanto, se o critério para a titularidade de uma terra é a produtividade que dela se obtém, ficaremos muitos de nós aqui em Portugal em maus lençóis. Aliás, essa é uma das justificações que há muitos anos ouço para a ocupação das terras da Palestina pelos israelitas. Bastará esse facto? Por extensão de raciocínio, os poços de petróleo no mundo passariam para a mão de quem melhor os explorasse. Seria, portanto, suficiente cortar as asas à educação dos terra-tenentes para que aparecesse alguém, estrangeiro mesmo, a proceder à respectiva ocupação - pela força das armas se necessário. Quanto ao direito internacional consagrado, bastaria não o cumprir.
Em minha opinião, se o Zimbabue não tivesse sido anteriormente a florescente Rodésia e as boas terras não tivessem pertencido a famílias brancas, o clamor contra Mugabe seria diferente. Sendo mau como governante, como vários dados estatísticos sobre o país amplamente demonstram, é possível que enfileire apenas numa galeria recheada de fracos governantes africanos. Entretanto, entende-se perfeitamente a atitude de ausência da cimeira por parte das autoridades britânicas. Se viessem, estariam em certa medida a endossar a política de Mugabe, o que irritaria sobremaneira os numerosos colonos brancos britânicos que se mantêm em países independentes que outrora fizeram parte do império de Sua Majestade e que contribuem fortemente para os contactos com a metrópole e respectivos negócios.
Embora estes brancos não fossem portugueses mas sim britânicos – que portugueses poriam os nativos a ler a Bíblia? -, o problema põe-se sempre da mesma forma: a ocupação das terras. A terra sempre foi vista como mãe, e sagrada por isso. Não foi por mero acaso que no nosso país os judeus podiam entrar na finança e nas artes-e-ofícios, mas não eram autorizados a possuir terras.
Dir-se-á que o Zimbabue de hoje é muito menos rico do que foi aquando da colonização britânica. Quem duvida? No entanto, se o critério para a titularidade de uma terra é a produtividade que dela se obtém, ficaremos muitos de nós aqui em Portugal em maus lençóis. Aliás, essa é uma das justificações que há muitos anos ouço para a ocupação das terras da Palestina pelos israelitas. Bastará esse facto? Por extensão de raciocínio, os poços de petróleo no mundo passariam para a mão de quem melhor os explorasse. Seria, portanto, suficiente cortar as asas à educação dos terra-tenentes para que aparecesse alguém, estrangeiro mesmo, a proceder à respectiva ocupação - pela força das armas se necessário. Quanto ao direito internacional consagrado, bastaria não o cumprir.
Em minha opinião, se o Zimbabue não tivesse sido anteriormente a florescente Rodésia e as boas terras não tivessem pertencido a famílias brancas, o clamor contra Mugabe seria diferente. Sendo mau como governante, como vários dados estatísticos sobre o país amplamente demonstram, é possível que enfileire apenas numa galeria recheada de fracos governantes africanos. Entretanto, entende-se perfeitamente a atitude de ausência da cimeira por parte das autoridades britânicas. Se viessem, estariam em certa medida a endossar a política de Mugabe, o que irritaria sobremaneira os numerosos colonos brancos britânicos que se mantêm em países independentes que outrora fizeram parte do império de Sua Majestade e que contribuem fortemente para os contactos com a metrópole e respectivos negócios.
Hoje, junto ao Parque das Nações, houve pequenas mas ruidosas manifestações contra e pró-Mugabe. Deixo aqui duas das várias fotos que tirei. Cada um conclua o que quiser.
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