12/11/2007

Discutindo a legalização da prostituição

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral (FSC) no Público de ontem referia-se a "uma anunciada petição ao Parlamento no sentido de legalizar a prostituição em Portugal". Já há muitos anos que leio com agrado os artigos assinados por FSC sobre economia. São equilibrados, informativos e colocam os pontos nos ii com a objectividade própria de um economista.
O artigo intitulado "Vender o corpo" não versa um assunto predominantemente económico, pois, nas palavras de FSC, "o cerne da questão - legalizar ou não a prostituição - é de natureza ética." E é aqui que, feliz ou infelizmente, entramos numa discussão tipo legalização do aborto, em que as opiniões se extremam. Creio que a habitual objectividade de FSC desaparece quando afirma, ao falar dos países escandinavos, da Holanda e da Alemanha, que nesta última "uma mulher desempregada que se recuse a ir para um bordel arrisca-se a perder o subsídio de desemprego." O que é isto?! Quem acredita que, num país como a Alemanha, se uma operária, uma secretária, uma gestora, uma professora perder o seu emprego, a Segurança Social lhe propuser ir para um bordel e ela recusar, perderá o direito ao subsídio atribuído a quem está desempregado?
Por este caminho fundamentalista, a discussão irá indubitavelmente descambar na falta de ética, o que, para um assunto confessadamente ético por natureza, não parece ser o melhor começo.

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