Um longo artigo de Pacheco Pereira no Público de hoje diz, a dada altura: "O que se passa é que esse verdadeiro mostruário em linha, feito de mil egos à solta, revela mesmo a nossa pobreza, a nossa rudeza, a falta de independência face aos poderosos, grandes, pequenos e médios, os péssimos hábitos de pensar, a falta de estudos e trabalho, de leitura e de "mundo" que caracterizam o nosso Portugalinho. Nem podia ser de outra maneira." (Lembra o estilo do Vasco Pulido Valente!) Mais à frente, afirma: "Sem reflexão crítica sobre o próprio meio, sobre o meio em Portugal, que introduza critérios de qualidade e exigência que os blogues são lestos a exigir a outros mas não a aplicar a si próprios, os blogues serão apenas mais uma câmara de ressonância da nossa vida cívica."
É-se preso por ter cão, e também por não ter o dito. Será que ajuda alguma coisa falar assim dos blogues portugueses, ou é apenas para denegrir o panorama? Será que não teremos aqui um caso de participação razoável da sociedade portuguesa? Será que a necessidade de pensar, de concatenar ideias e expressá-las de forma acessível não conta? Seria melhor ficarmos mudos, sem usar a escrita? Valeria mais ventilarmos as nossas ideias apenas num café?
Creio que a afirmação de que os bloggers não gostam de ser contraditados não corresponde totalmente à verdade. Por meu lado, já várias vezes aprendi variadíssimas coisas através dos comentários e fui corrigido. Gostei. Recordo-me, por exemplo, que há mais ou menos um ano levantei a questão dos indultos pelo Presidente da República e aprendi (com gosto) várias coisas que desconhecia com quem sabia mais do que eu sobre o assunto. Além disso, os blogs são informativos em muitos aspectos. Se os bloguistas portugueses são assim tão maus, por que razão existirão já firmas comerciais - a começar por alguns media – que incluem blogues nos seus sites da Web? Não é deitando abaixo o "Portugalinho" que se faz desaparecer o diminutivo do nome e se põe Portugal a mexer!
Sem comentários:
Enviar um comentário