1. O meu amigo T. von Holst acaba de me enviar um apontamento do correspondente da BBC, Mark Doyle, que esteve presente aquando da recente assinatura do Tratado de Lisboa. Ele intitula-o, sem crítica, Sócrates-speak: "The Summit ended, as do most meetings of this sort, with smiling photocalls. The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued. He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery. I was so bewitched that I didn't register any concrete points in the speech at all. Perhaps there weren't any. But it certainly sounded good."
2. Na imprensa de hoje, os construtores do nosso imobiliário respondem às polémicas declarações sobre a corrupção do sector proferidas por Van Zeller, responsável da CIP, há umas semanas atrás. Afirmam, pela voz de Reis Campos, presidente da FEPICOP, que "fraude e evasão fiscal são problemas transversais a todos os sectores." Logo…
Este é o tipo de argumentação que ouvi há um ano ou dois um bem-humorado ex-governante russo referir num ciclo de conferências da Gulbenkian: "Se digo a alguém que o que está a fazer não me parece correcto, recebo como resposta que aquilo não é nada comparado com o que o fulano tal e tal faz." É isto: uns desculpam-se com os outros. O problema é que, como têm razão, mostram à evidência a profundidade e extensão das raízes da corrupção.
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