Ponha a sua imaginação a funcionar e, tendo como base numerosas declarações públicas feitas pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, considere a hipótese de ele ter congeminado uma lei, devidamente aprovada pelo Parlamento regional, que determinaria que nenhum cidadão nascido fora da Região ou sem parentesco directo a nativos da ilha pudesse adquirir terrenos públicos. Por outras palavras, terrenos das autarquias ou do próprio Governo Regional só poderiam ser vendidos a “madeirenses”. Concebe esta hipótese?
Se sim, está a ir longe de mais. A. J. Jardim já tomou múltiplas atitudes pró-Madeira, mas esta ainda não e, possivelmente, nunca pensará em tal. Já o mesmo não se pode dizer de um senhor belga chamado Tim Vandenput, que é presidente do município de Hoeilaart, uma cidade relativamente pequena que não fica longe de Bruxelas. Vandenput, flamengo até à medula, determinou que o potencial comprador de terrenos públicos na área da sua autarquia tem de fazer prova da sua fluência na língua flamenga. Se não, não! "Esta é uma região da Flandres e é como tal que queremos que se mantenha!"
Dificilmente se arranjaria uma história mais simbólica do que esta para vincar a profunda aversão que muitos flamengos nutrem pelos habitantes da Bélgica francófona. Ao contrário de Portugal, que é o país mais antigo da Europa com as mesmas fronteiras, a Bélgica data apenas de 1830. A parte belga de língua francesa já foi em tempos muito próspera, mas presentemente está a ser largamente "subsidiada" pela Flandres. Calcula-se que os trabalhadores flamengos contribuem anualmente com cerca de 3000 dólares para cada valão, o que causa naturais ressentimentos. Este é um exemplo verídico e flagrante da importância da língua (e não só) na formação de uma comunidade. Note-se que o Presidente do partido mais votado nas últimas eleições belgas considerou a Bélgica um acidente da história, sem real valor intrínseco, e ousou dizer que "os franceses" eram demasiado estúpidos para aprender o flamengo.
É verdade que o país continua a funcionar e que acabou de ser atamancado um governo temporário, mas não se vê solução à vista. Teremos possivelmente mais um desmembramento, tal como ocorreu com a Checoeslováquia. Pode parecer estranho à primeira vista que, numa altura em que a União Europeia já congrega 27 nações, haja esta cisão em potência. A História continua a mostrar-nos que problemas relativos às raízes culturais dos povos se tornam explosivas quando agregadas a questões económicas. Ainda por cima no país que tem como capital a cidade de Bruxelas, onde está sedeada uma parte substancial do aparelho político e administrativo da União Europeia!
Se sim, está a ir longe de mais. A. J. Jardim já tomou múltiplas atitudes pró-Madeira, mas esta ainda não e, possivelmente, nunca pensará em tal. Já o mesmo não se pode dizer de um senhor belga chamado Tim Vandenput, que é presidente do município de Hoeilaart, uma cidade relativamente pequena que não fica longe de Bruxelas. Vandenput, flamengo até à medula, determinou que o potencial comprador de terrenos públicos na área da sua autarquia tem de fazer prova da sua fluência na língua flamenga. Se não, não! "Esta é uma região da Flandres e é como tal que queremos que se mantenha!"
Dificilmente se arranjaria uma história mais simbólica do que esta para vincar a profunda aversão que muitos flamengos nutrem pelos habitantes da Bélgica francófona. Ao contrário de Portugal, que é o país mais antigo da Europa com as mesmas fronteiras, a Bélgica data apenas de 1830. A parte belga de língua francesa já foi em tempos muito próspera, mas presentemente está a ser largamente "subsidiada" pela Flandres. Calcula-se que os trabalhadores flamengos contribuem anualmente com cerca de 3000 dólares para cada valão, o que causa naturais ressentimentos. Este é um exemplo verídico e flagrante da importância da língua (e não só) na formação de uma comunidade. Note-se que o Presidente do partido mais votado nas últimas eleições belgas considerou a Bélgica um acidente da história, sem real valor intrínseco, e ousou dizer que "os franceses" eram demasiado estúpidos para aprender o flamengo.
É verdade que o país continua a funcionar e que acabou de ser atamancado um governo temporário, mas não se vê solução à vista. Teremos possivelmente mais um desmembramento, tal como ocorreu com a Checoeslováquia. Pode parecer estranho à primeira vista que, numa altura em que a União Europeia já congrega 27 nações, haja esta cisão em potência. A História continua a mostrar-nos que problemas relativos às raízes culturais dos povos se tornam explosivas quando agregadas a questões económicas. Ainda por cima no país que tem como capital a cidade de Bruxelas, onde está sedeada uma parte substancial do aparelho político e administrativo da União Europeia!
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