3/06/2008

Três apontamentos brevíssimos

1. As manifestações dos professores contra a ministra da Educação ocorrem em múltiplas cidades do país. Aguarda-se a manifestação magna no próximo sábado, em Lisboa, no Terreiro do Paço. Entretanto, o primeiro-ministro irá estar noutra altura numa sessão sobre o mesmo assunto, em recinto fechado (em Março-marçagão, de manhã é Inverno, à tarde é Verão, como diz o ditado, de modo que é melhor ser prudente).
Pessoalmente, não defendo a demissão da Ministra, mas sou, claramente, pela revisão e adiamento da avaliação. Continuo naturalmente a pensar que as avaliações são necessárias e mesmo indispensáveis, pois é bom que se separe o trigo do joio, mas os moldes em que está prevista esta avaliação, a juntar ao erro crasso que é o de realizar à pressa algo que não foi minimamente testado, convidam de facto a um adiamento desta acção para o próximo ano lectivo.

2. Noticiam os jornais que a Judiciária investiga a venda de dois prédios, ambos dos CTT, sendo um em Coimbra e outro em Lisboa, a privados, num caso ocorrido em 2003. Como na altura alguns jornais relataram, no mesmo dia da venda pelos CTT do imóvel de Coimbra a um determinado preço, o comprador terá revendido o prédio por um preço largamente superior. Não há muito tempo, aliás, o actual bastonário da Ordem dos Advogados, referiu-se abertamente a este caso.
Investigar é bom e, em princípio, chegar-se-á a uma conclusão. Mas será que os responsáveis serão punidos? O grande problema que há muitos anos temos é que, seja em casos destes, seja noutros, os gestores da coisa pública se crêem donos do bem enquanto são gestores. Esquecem-se de que são apenas administradores e de que o real proprietário - o Estado - lhes pode (e deve) pedir contas pela forma como agiram. Enquanto essas regras não forem convenientemente definidas e a responsabilidade for de facto assacada em casos de dolo, a história continuará.

3. Nos Estados Unidos, a candidatura de Obama está a obter resultados claramente superiores às expectativas. Os vários amigos que tenho na América, com excepção de um, apoiam Obama, na medida em que sentem que os terríveis anos de Bush estão a pedir uma grande reviravolta. Obama conseguiu arvorar-se como facho de esperança para milhões de pessoas desapontadas com o actual estado de coisas. Se é verdade que, por um lado, poderá não chegar à Casa Branca e, por outro, poderá revelar-se não estar à altura do desejo de mudança que criou nas pessoas, não deixa de ser notável o movimento que ele conseguiu e a resposta que obteve para os anseios que expressa. Achei interessante o que um dos meus amigos, que vive e trabalha em Washington, me contou há dias sobre as (pequenas) cotizações (mas em grande volume) que as pessoas fazem entre si para arranjar fundos para a campanha e como se empenham em angariar votos para Obama através de contactos porta-a-porta. É todo um movimento cívico que está em marcha para renovar a América e retirá-la tão cedo quanto possível do pesadelo bushiano. Espero que dê bons frutos.

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