5/08/2008

Certificados de aforro (da notícia à prática)

Dado que os vencimentos dos juros dos certificados de aforro são trimestrais, foi só agora no mês de Maio que cada um pôde ver concretamente quanto é que a medida tomada unilateralmente pelo Estado veio a custar ao seu bolso de aforrador. Considerando uma conta certa, quem recebia € 1000 de juros passa a receber € 827. São €173 euros de diferença, que voam injustamente do seu bolso para os cofres do Estado. Quando os juros estiveram baixíssimos (em 1999, 2000, 2001), os aforradores também suportaram essa baixa.
Embora entenda que o Estado não devesse manter um sistema que beneficiava mais o aforrador do que a maioria de outras aplicações, creio que teria sido de toda a justiça não mexer nas contas dos actuais aforradores, a não ser que tivessem excedido um determinado montante máximo - o que deve ter sido o caso de várias aplicações bancárias. Quanto à criação de certificados da Série C e cessação de emissões da Série B, nada tenho a opor.
Esta medida estatal tem decerto efeitos práticos na melhoria das finanças públicas mas (1) constitui um verdadeiro desincentivo à poupança e (2) mostra que, afinal, mesmo sem causas exógenas, as aplicações em fundos da Junta de Crédito Público têm um grau de risco considerável.

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