6/10/2008

Breves do dia 10 de Junho

1. Noticia o jornal que "a água do Alqueva vai ser mais para o turismo do que para a agricultura". Mas houve alguma vez quem duvidasse disso? O retrato de um homem alentejano a servir de caddie, carregando às costas um saco pesado repleto de tacos de golfe, há muito que simboliza os empregos a criar na população local.

2. Apesar de serem subterrâneas, as obras de construção do Metro para o aeroporto continuam de vento em popa. Tal como sucede no caso do Alqueva relativamente à melhoria da agricultura para os alentejanos, quem é que acredita que a finalidade das obras do Metro seja servir o aeroporto? Viva a Alta de Lisboa! Afinal, os terrenos valorizam-se tanto mais quanto melhor forem servidos de transportes públicos.

3. A Estoril-Sol manifestou o seu entusiasmo pelo facto de a Procuradoria-Geral da República ter reconhecido que a Sociedade era a proprietária legal do edifício do Casino Lisboa, na área da Expo. De facto, isso nunca esteve em causa. Aquilo que sempre se contestou foi a forma como isso foi conseguido.
Pessoalmente lembro-me de uma vez, no liceu D. João de Castro onde estudava, ter percebido - tal como todos os meus colegas, aliás - que era impossível entregar uma justificação de atraso ou falta à primeira aula, a não ser que o encarregado de educação estivesse connosco na altura. Sem essa justificação não podíamos entrar na aula. Em vista deste facto, no ano seguinte falei com o meu pai/encarregado de educação e pedi-lhe para ser eu a assinar a minha matrícula na escola. Assim, deixaria de ter problemas numa eventualidade dessas (ele morava a cerca de 80 quilómetros de Lisboa) pois a minha assinatura seria igual à da matrícula. Como confiava plenamente em mim, concordou. A partir daí, nas poucas vezes em que me atrasei por qualquer razão, assinei por ele. Claro que nunca fui descoberto. Sinto que não prejudiquei ninguém e me limitei, respeitando a ética relativamente ao meu encarregado de educação, a contornar um regulamento que estava mal feito e que, aliás, acabou por ser modificado.
No caso da Estoril-Sol e do Governo PSD-CDS de então, a situação contestada esteve longe de ser semelhante e inócua, contendo uma notória excepção ao regime normal de concessão de casinos. Mas, como é evidente, uma vez que o documento legal foi assinado, a partir daí a cobertura foi total.

4. O Presidente da República teve um lapsus linguae que, apesar de infeliz, se pode considerar relativamente normal numa pessoa como ele. Não será, aliás, de admirar que alguma vez lhe escapem - a ele e a mais políticos - outros lapsos, tais como dizer "Assembleia Nacional" em vez de Assembleia da República, ou "Diário do Governo" em vez de Diário da República. Admita-se, no entanto, que estes serão menos graves do que referências à raça.
Seja como for, para um indivíduo tímido falar aos microfones não é a coisa mais fácil do mundo e, portanto, é sempre possível que o cérebro sofra algumas interrupções quando Cavaco se prepara para manifestar a sua opinião. Isto, mau grado a lentidão do seu discurso e o contido sopesar das suas palavras.

5. Valha a magnífica exibição do seleccionado português em terras suíças no jogo de futebol contra a Turquia. Fez aparecer mais bandeiras nos automóveis e nas janelas das casas. Espera-se que continue assim.

6. Estamos a 48 horas do próximo Dia D para a Europa: a votação do Tratado de Lisboa na Irlanda. Se ganhar o "não", como é que a UE descalça a bota?

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