Esta campanha eleitoral está interessantíssima!
Desde a discussão sobre se deve ou não haver debates televisivos, em que canal e em que horário, a saber-se que os candidatos estão atentos a eventuais mudanças de cor dos olhos dos adversários, aos choques para todos os gostos (fiscais, de gestão, de valores, e os mais que se seguirão até ao dia 20 ...)
ESTOU CHOCADA!!
1/30/2005
1/29/2005
O respeito por valores éticos
Embora oficiosamente, Isaltino Morais anunciou já que pensa recandidatar-se à Câmara Municipal de Oeiras. Recorde-se que Isaltino, "o autarca-modelo", foi em 2002 substituído na Câmara para ocupar o cargo de Ministro das Cidades no governo de Durão Barroso. Abandonou posteriormente o seu cargo ministerial, na sequência de um escândalo muito badalado de fuga aos impostos e contas na Suiça de elevado montante.
Este anúncio de Isaltino e a sua provável vitória eleitoral são mais um sintoma do execrável panorama ético a que o país chegou. Como já sucedeu com outros autarcas e, possivelmente, sucederia com Fátima Felgueiras no seu concelho nortenho, a população votante preocupa-se fundamentalmente com o seu rincão territorial. Se Isaltino fez algumas trafulhices mas traz para o município benesses que os outros não trazem, i.e. mostra saber como manejar o Estado em benefício da autarquia, os processos judiciais que correm contra si nada contam. Muitos dirão mesmo: "Isso é lá com ele!" É aqui que reside a questão mais grave sob o ponto de vista democrático. Ao concederem-lhe o seu voto, os eleitores estão a ser coniventes e a endossarem a fraude, a corrupção e a mentira como actos que são, afinal, não só toleráveis mas mesmo perfeitamente admissíveis. A falta de sensibilidade para esta questão é sintoma gravíssimo da forma como a sociedade portuguesa está minada de alto a baixo.
Este anúncio de Isaltino e a sua provável vitória eleitoral são mais um sintoma do execrável panorama ético a que o país chegou. Como já sucedeu com outros autarcas e, possivelmente, sucederia com Fátima Felgueiras no seu concelho nortenho, a população votante preocupa-se fundamentalmente com o seu rincão territorial. Se Isaltino fez algumas trafulhices mas traz para o município benesses que os outros não trazem, i.e. mostra saber como manejar o Estado em benefício da autarquia, os processos judiciais que correm contra si nada contam. Muitos dirão mesmo: "Isso é lá com ele!" É aqui que reside a questão mais grave sob o ponto de vista democrático. Ao concederem-lhe o seu voto, os eleitores estão a ser coniventes e a endossarem a fraude, a corrupção e a mentira como actos que são, afinal, não só toleráveis mas mesmo perfeitamente admissíveis. A falta de sensibilidade para esta questão é sintoma gravíssimo da forma como a sociedade portuguesa está minada de alto a baixo.
1/27/2005
Batalha do Buçaco símbolo de uma velha inimizade
Que os franceses sempre detestaram os ingleses é do domínio comum. Que os ingleses lhes têm replicado na mesma moeda, também. Hoje em dia, ainda há turistas franceses que, quando lhes mostram o mapa-mundo das descobertas marítimas, no pavimento em mármore junto ao Padrão dos Descobrimentos, não resistem à tentação de calcar com ambos os pés o mapa da Grã-Bretanha.
Esta animosidade tornou-se muito evidente durante uma guerra medieval entre os dois países que durou pelo menos cem anos. Em múltiplos outros episódios, também. Um desses episódios ocorreu durante a guerra da independência dos Estados Unidos. Interessados em derrubar o seu todo-poderoso rival, os franceses da América -- onde possuíam territórios -- não hesitaram em colocar-se do lado dos revoltosos, contra os ingleses colonizadores. Deram corpo ao conhecido aforisma "O inimigo do teu inimigo teu amigo é".
Algumas décadas mais tarde, um imperador francês -- Napoleão -- pensou em aumentar os seus domínios substancialmente. Para tanto, necessitava de um exército poderoso, por assim dizer, invencível. Como "os soldados não marcham sobre estômagos vazios" -- a frase é do próprio Napoleão -- e, se são mercenários, também não combatem sem a devida paga material, arquitectou um plano interessante. Para o realizar, começou por propor aos Estados Unidos a venda da cidade de New Orleans (Nova Orléans, nome tipicamente francês), na Louisiana (também nome evocativo dos vários reis de França com o nome de Luís). Talleyrand negociou pelo lado francês. Aos americanos que foram ao negócio, Talleyrand acabou por propor muito mais do que a venda de Nova Orléans. Nada mais, nada menos do que a venda de toda a Louisiana, território vastíssimo na parte sul dos Estados Unidos, consideravelmente maior do que o actual estado de Louisiana. Napoleão precisava de dinheiro fresco. Vender aqueles territórios não seria grande perca se viesse a ganhar outros com uma área muitas vezes superior. Ele tinha o seu plano. Os americanos chegaram a um entendimento e Napoleão realizou o dinheiro de que necessitava.
O seu plano passava pela conquista da Península Ibérica. Entende-se facilmente porquê. Sabendo que a América Latina estava na posse das coroas de Espanha e de Portugal, bastar-lhe-ia apoderar-se dos tronos dos dois países para se tornar senhor da Venezuela, da Colômbia, da Argentina, do Brasil, do Chile, do México -- de facto, de toda a América de línguas ibéricas.
Só que a Inglaterra, essa terrível desmancha-prazeres, veio em socorro do seu aliado, Portugal. A batalha do Buçaco é apenas o símbolo de uma série de derrotas do poderoso exército gaulês em solo lusitano. Para Napoleão, o sonho esvaiu-se. Perdeu os territórios da América do Norte, não ganhou nenhuns outros na América Latina e perdeu as batalhas contra os ingleses, que ainda hoje despudoradamente comemoram no centro de Londres a sua vitória naval de Trafalgar. Napoleão acabou por perder o trono.
Foi um jogo. Apostou. Perdeu, assim como podia ter ganho. É próprio de um imperador arriscar.
Esta animosidade tornou-se muito evidente durante uma guerra medieval entre os dois países que durou pelo menos cem anos. Em múltiplos outros episódios, também. Um desses episódios ocorreu durante a guerra da independência dos Estados Unidos. Interessados em derrubar o seu todo-poderoso rival, os franceses da América -- onde possuíam territórios -- não hesitaram em colocar-se do lado dos revoltosos, contra os ingleses colonizadores. Deram corpo ao conhecido aforisma "O inimigo do teu inimigo teu amigo é".
Algumas décadas mais tarde, um imperador francês -- Napoleão -- pensou em aumentar os seus domínios substancialmente. Para tanto, necessitava de um exército poderoso, por assim dizer, invencível. Como "os soldados não marcham sobre estômagos vazios" -- a frase é do próprio Napoleão -- e, se são mercenários, também não combatem sem a devida paga material, arquitectou um plano interessante. Para o realizar, começou por propor aos Estados Unidos a venda da cidade de New Orleans (Nova Orléans, nome tipicamente francês), na Louisiana (também nome evocativo dos vários reis de França com o nome de Luís). Talleyrand negociou pelo lado francês. Aos americanos que foram ao negócio, Talleyrand acabou por propor muito mais do que a venda de Nova Orléans. Nada mais, nada menos do que a venda de toda a Louisiana, território vastíssimo na parte sul dos Estados Unidos, consideravelmente maior do que o actual estado de Louisiana. Napoleão precisava de dinheiro fresco. Vender aqueles territórios não seria grande perca se viesse a ganhar outros com uma área muitas vezes superior. Ele tinha o seu plano. Os americanos chegaram a um entendimento e Napoleão realizou o dinheiro de que necessitava.
O seu plano passava pela conquista da Península Ibérica. Entende-se facilmente porquê. Sabendo que a América Latina estava na posse das coroas de Espanha e de Portugal, bastar-lhe-ia apoderar-se dos tronos dos dois países para se tornar senhor da Venezuela, da Colômbia, da Argentina, do Brasil, do Chile, do México -- de facto, de toda a América de línguas ibéricas.
Só que a Inglaterra, essa terrível desmancha-prazeres, veio em socorro do seu aliado, Portugal. A batalha do Buçaco é apenas o símbolo de uma série de derrotas do poderoso exército gaulês em solo lusitano. Para Napoleão, o sonho esvaiu-se. Perdeu os territórios da América do Norte, não ganhou nenhuns outros na América Latina e perdeu as batalhas contra os ingleses, que ainda hoje despudoradamente comemoram no centro de Londres a sua vitória naval de Trafalgar. Napoleão acabou por perder o trono.
Foi um jogo. Apostou. Perdeu, assim como podia ter ganho. É próprio de um imperador arriscar.
1/23/2005
Estiveram os Portugueses na Origem do Dólar?
Para além de saudar o reaparecimento de uma Ariadne em grande forma, gostei de aprender que os nossos tostões tinham tido a sua origem nos "testoni" italianos, com as efígies ducais tão típicas do Renascimento.
Quanto aos Thaler, bem, essa é uma das duas ou três dúzias de pequenas histórias que me fizeram ter imenso prazer em ser professor de guias-intérpretes nacionais durante cerca de três décadas. Puxando a brasa algo patrioticamente (ou patrioteiramente?) à nossa sardinha, eu costumava colocar aos alunos que iriam trabalhar com turistas americanos a questão nos seguintes termos: como é que os portugueses influenciaram a origem do dólar?
Dado que na nossa História se fala muito, e justificadamente, nos Descobrimentos, o assunto poderia ser levantado em múltiplas ocasiões. Como seria previsível, com turistas norte-americanos este era um tópico de interesse. Aprender alguma coisa sobre a sua moeda num país tão pouco relevante internacionalmente como Portugal e da boca de um(a) jovem guia-intérprete seria surpreendente.
A historieta que os nossos guias-intérpretes deveriam contar -- e muitos contam-na hoje, decerto -- era mais ou menos a seguinte: Há mais de quinhentos anos, os marinheiros portugueses foram sistematicamente explorando a costa de África, cada vez mais para sul. Nos mapas que iam desenhando, denominavam pragmaticamente as zonas pelo comércio que iam efectuando com os nativos. Assim surgiram a Costa dos Cereais, a Costa do Marfim, a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. A Costa do Ouro constitui, grosso modo, o actual Gana. Era aí que os portugueses recolhiam muito ouro, de que careciam para o seu comércio com a Índia. Regra geral, os indianos não aceitavam vender as suas especiarias contra outra forma de pagamento. Esse ouro africano, que costumava ter a sua rota habitual para a Europa através do Mediterrâneo, foi assim em larga escala chamado à costa atlântica de África pelos portugueses e por eles desviado para a Índia.
Ora, com o desvio de quantidades apreciáveis de ouro das rotas europeias e, simultaneamente, com o grande incremento do comércio na Europa durante o período de relativa paz do século XVI, houve necessidade de cunhar moeda num metal alternativo. A escolha recaíu sobre a prata e, como a Ariadne muito bem contou, nomeadamente sobre o Vale (Thal) de S. Joaquim, na Boémia. Mais tarde, com essa moeda a circular na Europa e o povoamento dos EUA por muitos emigrantes provindos da Europa Central, o Thaler impôs-se como moeda nacional americana, com a grafia de "dollar".
O que podemos concluir -- sem dúvida com algum tour de force! -- é que, sem o desvio do ouro das rotas europeias causado pelos portugueses nas suas viagens marítimas, é possível que não tivesse havido necessidade de recorrer à prata do Vale de S. Joaquim. Consequentemente, o dólar não teria sido criado. Dito de outro modo: com maior ou menor quinhão de influência, os portugueses terão estado na origem do dólar!
Quanto aos Thaler, bem, essa é uma das duas ou três dúzias de pequenas histórias que me fizeram ter imenso prazer em ser professor de guias-intérpretes nacionais durante cerca de três décadas. Puxando a brasa algo patrioticamente (ou patrioteiramente?) à nossa sardinha, eu costumava colocar aos alunos que iriam trabalhar com turistas americanos a questão nos seguintes termos: como é que os portugueses influenciaram a origem do dólar?
Dado que na nossa História se fala muito, e justificadamente, nos Descobrimentos, o assunto poderia ser levantado em múltiplas ocasiões. Como seria previsível, com turistas norte-americanos este era um tópico de interesse. Aprender alguma coisa sobre a sua moeda num país tão pouco relevante internacionalmente como Portugal e da boca de um(a) jovem guia-intérprete seria surpreendente.
A historieta que os nossos guias-intérpretes deveriam contar -- e muitos contam-na hoje, decerto -- era mais ou menos a seguinte: Há mais de quinhentos anos, os marinheiros portugueses foram sistematicamente explorando a costa de África, cada vez mais para sul. Nos mapas que iam desenhando, denominavam pragmaticamente as zonas pelo comércio que iam efectuando com os nativos. Assim surgiram a Costa dos Cereais, a Costa do Marfim, a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. A Costa do Ouro constitui, grosso modo, o actual Gana. Era aí que os portugueses recolhiam muito ouro, de que careciam para o seu comércio com a Índia. Regra geral, os indianos não aceitavam vender as suas especiarias contra outra forma de pagamento. Esse ouro africano, que costumava ter a sua rota habitual para a Europa através do Mediterrâneo, foi assim em larga escala chamado à costa atlântica de África pelos portugueses e por eles desviado para a Índia.
Ora, com o desvio de quantidades apreciáveis de ouro das rotas europeias e, simultaneamente, com o grande incremento do comércio na Europa durante o período de relativa paz do século XVI, houve necessidade de cunhar moeda num metal alternativo. A escolha recaíu sobre a prata e, como a Ariadne muito bem contou, nomeadamente sobre o Vale (Thal) de S. Joaquim, na Boémia. Mais tarde, com essa moeda a circular na Europa e o povoamento dos EUA por muitos emigrantes provindos da Europa Central, o Thaler impôs-se como moeda nacional americana, com a grafia de "dollar".
O que podemos concluir -- sem dúvida com algum tour de force! -- é que, sem o desvio do ouro das rotas europeias causado pelos portugueses nas suas viagens marítimas, é possível que não tivesse havido necessidade de recorrer à prata do Vale de S. Joaquim. Consequentemente, o dólar não teria sido criado. Dito de outro modo: com maior ou menor quinhão de influência, os portugueses terão estado na origem do dólar!
1/22/2005
Com amizade
Dedicada aos que neste momento lêem tudo sobre política nacional:.....................................................
(uma linha de silêncio)
(uma linha de silêncio)
Sabia de onde vêm os nossos tostões?
O historiador económico Carlo Cipolla conta, num interessante livrinho intitulado "Conquistadores, Piratas e Mercadores" que a descoberta de jazidas de prata nos Alpes, no séc. XV, esteve na origem de uma importante reforma monetária: até então as moedas cunhadas na Europa eram finíssimas rodelinhas de ouro, prata ou bilhão (liga). A abundância de prata após aquela descoberta levou à cunhagem de moedas robustas, muito mais espessas do que as moedas medievais. Como novidade formal, ostentavam retratos fidedignos dos príncipes que as haviam mandado cunhar.
Em 1472 Veneza mandou cunhar a primeira moeda desta nova geração, ostentando o busto do doge. Dois anos mais tarde foi a vez de Milão, tendo esta o retrato do duque Galeazzo Maria Sforza.
As duas novas moedas foram recebidas no mercado com entusiasmo, de tal forma que ràpidamente foram imitadas noutros estados e países. Eram conhecidas popularmente por testoni, sinónimo, em italiano, de grande cabeça, cabeçorra.
De testoni ao portuguesíssimo tostão foi apenas um pequeno passo...
Por processo semelhante de corruptela tiveram os holandeses o daalder, os austríacos o taler, têm os americanos o seu dollar.
Como origem comum, o remoto antepassado joachimsthaler, depois simplificado para thaler, nome dado à enorme moeda de 27 gramas de prata que os condes de Schlick mandaram cunhar nos últimos anos do séc. XV, quando se descobriram importantes jazidas de prata nas minas de que eram proprietários no vale de Sankt Joachimsthal, na Boémia.
Os Joachimsthaler não eram mais do que as moedas feitas com a prata de Sankt Joachimsthal.
1/17/2005
Vígaros
Imagine que os serviços da Inspecção Geral da Educação descobrem que um professor da sua filha inventou, no badalado concurso de 2004, uma doença, que teve um médico amigo que lhe passou o devido atestado e assim logrou ser, prioritariamente, colocado na escola. Embora ele não pareça ser profissionalmente incompetente, é um facto que saltou por meios ilegítimos por cima dos direitos de outros colegas.
Considera que seria justo puni-lo? Se sim, com que tipo de punição? E, quanto ao médico, toleraria a aposição da sua assinatura num documento que, afinal, atesta uma mentira? Se não, que penalização acharia correcta?
A honestidade parece campear entre os educadores e os que obrigatoriamente prestam o juramento de Hipócrates. Há pelo menos várias dezenas de casos deste tipo a serem examinados em Portugal no presente momento. Não haverá por aí um compositor que crie uma ópera bufa com uma inspirada ária "Vígaro cá, Vígaro lá"?
Considera que seria justo puni-lo? Se sim, com que tipo de punição? E, quanto ao médico, toleraria a aposição da sua assinatura num documento que, afinal, atesta uma mentira? Se não, que penalização acharia correcta?
A honestidade parece campear entre os educadores e os que obrigatoriamente prestam o juramento de Hipócrates. Há pelo menos várias dezenas de casos deste tipo a serem examinados em Portugal no presente momento. Não haverá por aí um compositor que crie uma ópera bufa com uma inspirada ária "Vígaro cá, Vígaro lá"?
1/16/2005
Borradas
A frase que me mandaram recentemente, de um tal Francis Banard, é merecedora de citação:
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente. Pelas mesmas razões."
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente. Pelas mesmas razões."
Desinstalando
Numa instituição de ensino superior, assisti há uns anos a uma conferência muito interessante sobre gestão de empresas proferida pelo engenheiro José Roquete, ligado à Herdade do Esporão e a outros empreendimentos. Com base no conceito da criatividade destruidora de Schumpeter, o orador insistiu várias vezes num verbo que na altura era ainda pouco usado em Portugal: "desinstalar". Queria naturalmente referir-se à necessidade de mudança constante e de inovação. Nesse sentido, recomendou aos alunos: "Não se instalem, desinstalem-se!"
Algo inapropriadamente talvez, esta conferência ocorreu-me ao tomar conhecimento de um episódio recente. Quem visita frequentemente exposições de arte moderna, decerto que já se deparou com aquilo que recebe a designação genérica de "instalações". Há instalações para todos os gostos, sendo que às vezes o visitante se inquire sobre a natureza daquela arte. No Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, algo como uma "instalação" da autoria do poeta-escultor americano Jimmi Durham sofreu uma séria amputação há cerca de três semanas. A peça, intitulada "As Frases" e composta por um texto sobre tela, um lavatório partido e 17 fragmentos de loiça no chão, tem presentemente algo substancial a menos. Inadvertidamente, uma funcionária da limpeza varreu os 17 fragmentos de loiça que encontrou espalhados no chão. Após a sua operação de varredura, deu aos cacos o destino que achou adequado: o lixo.
Sem querer, a referida funcionária executou um exemplo prático de desinstalação.
Algo inapropriadamente talvez, esta conferência ocorreu-me ao tomar conhecimento de um episódio recente. Quem visita frequentemente exposições de arte moderna, decerto que já se deparou com aquilo que recebe a designação genérica de "instalações". Há instalações para todos os gostos, sendo que às vezes o visitante se inquire sobre a natureza daquela arte. No Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, algo como uma "instalação" da autoria do poeta-escultor americano Jimmi Durham sofreu uma séria amputação há cerca de três semanas. A peça, intitulada "As Frases" e composta por um texto sobre tela, um lavatório partido e 17 fragmentos de loiça no chão, tem presentemente algo substancial a menos. Inadvertidamente, uma funcionária da limpeza varreu os 17 fragmentos de loiça que encontrou espalhados no chão. Após a sua operação de varredura, deu aos cacos o destino que achou adequado: o lixo.
Sem querer, a referida funcionária executou um exemplo prático de desinstalação.
Quantificando a incompetência
Galileu gostava de lembrar que se "deve medir tudo o que é mensurável e procurar quantificar tudo o que é qualitativo." Porém, todos nós sabemos que nem sempre é fácil quantificar a qualidade... ou a falta dela. Por exemplo, como se pode medir a competência, ou a incompetência, dos gestores temporários da nação, vulgo Governo? Num sector-chave, a colecta de impostos -- a parte que, afinal, permite a qualquer governo proceder a uma distribuição mais justa da riqueza -- as falhas têm sido escandalosas. Vejamos entretanto o que tem sucedido apenas na Segurança Social. Tomemos em consideração, para sermos justos, que os subsídios de desemprego têm subido com o galopante desemprego, ele próprio testemunho de uma malsã economia nacional. Mas essa subida não é seguramente a principal responsável pelo verdadeiro descalabro que reina pelas bandas da Segurança Social. O Tribunal de Contas, o organismo de auditoria estatal às contas públicas, é peremptório: tem havido um decréscimo significativo e continuado nos últimos três anos no saldo consolidado da Segurança Social. E, ao gosto de Galileu, em quanto se traduz esse decréscimo? Assim: no 1º semestre de 2002 as contas globais daquele departamento do Estado registavam um ainda confortável saldo de 661 milhões de euros. Em 2003 esse saldo já resvalara para 517 milhões. E, pasme-se, em 2004 ele cifrava-se apenas em 392 milhões. Isto representa uma descida de 40 por cento em dois anos e de 24 (!!) por cento só em 2004! É uma incompetência de todo o tamanho! Administradores destes, não, obrigado.
À atenção de todos os que descontam para a Segurança Social e dos que dela dependem!
À atenção de todos os que descontam para a Segurança Social e dos que dela dependem!
1/09/2005
ELITISMO
A imprensa noticia que, pelo menos desde 1957 até 1975, a Marinha britânica praticou uma política secreta de quotas paras as minorias, no sentido de limitar a admissão de "não brancos". Imagino que haverá reacções exacerbadas no Reino Unido e noutros países do mundo. Porquê? Por considerarem politicamente incorrecta uma prática que é, no mínimo, saudável. Por considerarem, erradamente, que o mundo deve ser feito à sua imagem igualitária de perfeição, embora seja constituído por pessoas que, todos admitem, não são perfeitas. Existe aqui um evidente erro de lógica.
O elitismo não é em si abominável. É mesmo essencial para o progresso do mundo. As diferenças entre ricos e pobres são cruciais para a existência de desenvolvimento económico. Sem elites, as nações e o mundo andam à deriva. O mundo ideal assemelha-se aos irrealistas desejos expressos nas bem intencionadas mensagens natalícias: paz em todo o mundo, que não haja pobreza, que todos possam ser felizes. Só que depois, ao virar da esquina, quando oito famílias de imigrantes argelinos, romenos ou moldavos vêm habitar dois andares do nosso prédio, no mínimo franzimos o nariz. Somos capazes até de nos reunir com todos os outros inquilinos "brancos" para combinar a nossa reacção. Será por serem estrangeiros? Certamente que não. Se fosse o cônsul da Argélia, o encarregado de negócios da Roménia ou o embaixador da Moldávia que viessem morar para lá, a receptividade até seria boa. A coisa é outra.
Mais 25 barracas para os lados de Camarate não provocam a intervenção da polícia. O estabelecimento de 1 (uma) barraca de ciganos nas proximidades da Quinta da Marinha levará a uma intervenção urgente e decidida. Porque será?
Quando, no país ou no estrangeiro, visitamos belos palácios e nos deliciamos com esplêndidas colecções de arte e tesouros magníficos, não podemos nem por sombras imaginar que tudo é o resultado de um mundo igualitário que nos foi deixado pelo passado. E esse mundo traz-nos agora prazer e deleite, apesar de ter sido obviamente elitista.
Quem está contra as elites, como a da Marinha britânica, não entende que, ao longo dos tempos, brilhantes oficiais, muitos deles com vastos conhecimentos científicos, não se teriam alistado na Marinha se ela fosse constituída por uma escória sem nível. O mundo das descobertas e da sociedade do conhecimento ganhou muito com a estatura intelectual elevada de muitos desses oficiais. Estar contra o elitismo é estar a favor de um impróprio nivelamento por baixo e, certamente, contra a ordem natural das coisas, como a própria natureza, animal e vegetal, o demonstra todos os dias.
O elitismo não é em si abominável. É mesmo essencial para o progresso do mundo. As diferenças entre ricos e pobres são cruciais para a existência de desenvolvimento económico. Sem elites, as nações e o mundo andam à deriva. O mundo ideal assemelha-se aos irrealistas desejos expressos nas bem intencionadas mensagens natalícias: paz em todo o mundo, que não haja pobreza, que todos possam ser felizes. Só que depois, ao virar da esquina, quando oito famílias de imigrantes argelinos, romenos ou moldavos vêm habitar dois andares do nosso prédio, no mínimo franzimos o nariz. Somos capazes até de nos reunir com todos os outros inquilinos "brancos" para combinar a nossa reacção. Será por serem estrangeiros? Certamente que não. Se fosse o cônsul da Argélia, o encarregado de negócios da Roménia ou o embaixador da Moldávia que viessem morar para lá, a receptividade até seria boa. A coisa é outra.
Mais 25 barracas para os lados de Camarate não provocam a intervenção da polícia. O estabelecimento de 1 (uma) barraca de ciganos nas proximidades da Quinta da Marinha levará a uma intervenção urgente e decidida. Porque será?
Quando, no país ou no estrangeiro, visitamos belos palácios e nos deliciamos com esplêndidas colecções de arte e tesouros magníficos, não podemos nem por sombras imaginar que tudo é o resultado de um mundo igualitário que nos foi deixado pelo passado. E esse mundo traz-nos agora prazer e deleite, apesar de ter sido obviamente elitista.
Quem está contra as elites, como a da Marinha britânica, não entende que, ao longo dos tempos, brilhantes oficiais, muitos deles com vastos conhecimentos científicos, não se teriam alistado na Marinha se ela fosse constituída por uma escória sem nível. O mundo das descobertas e da sociedade do conhecimento ganhou muito com a estatura intelectual elevada de muitos desses oficiais. Estar contra o elitismo é estar a favor de um impróprio nivelamento por baixo e, certamente, contra a ordem natural das coisas, como a própria natureza, animal e vegetal, o demonstra todos os dias.
1/06/2005
CARREIRISMO
É um perfeito truísmo dizer que o facto de a mulher se ter tornado independente através do seu salário contribuiu sobremaneira para a sua emancipação. Mulher casada que não possua rendimentos próprios de que possa dispor fica materialmente dependente do seu marido. São frequentes os casos em que é subjugada, i.e. colocada debaixo do jugo do homem. Uma mulher (ou um homem) que consiga sobreviver sem depender materialmente de outrem pode sempre bater com a porta se a situação se tornar insuportável. O inverso não é verdadeiro. Esta situação de independência é essencial para que alguém possa caminhar de cabeça levantada, sem ter que passar rasteiras à ética, vender a alma ao diabo e engolir sapos atrás de sapões.
Mutatis mutandis, nas primeiras décadas após o 25 de Abril os políticos provinham das mais diversas profissões. Eram frequentemente pessoas que se tinham destacado no meio empresarial, na advocacia, na engenharia, na carreira universitária, na literatura, etc. Tinham o seu modo de vida, que interrompiam durante algum tempo para darem o seu contributo à governação de um país quer como membros do Governo, quer como deputados ou autarcas. Se não lhes agradava a situação, se os forçavam a cometer actos com os quais não concordavam minimamente, batiam com a porta, como tantos fizeram.
Hoje em dia, são já muito numerosos aqueles que são políticos tout court. Tiraram um curso, que isto de ser dr. é cada vez mais essencial, e fizeram da politica a sua carreira. Não têm outra profissão que não seja servir o partido. O que isto significa em termos de falta de independência e mesmo de servidão é facilmente imaginável. Eles não podem bater com a porta, não podem dizer "não" a uma política oficial, por muito que essa política interiormente lhes desagrade. Mas é possível que não desagrade mesmo. Já sabem que é assim na carreira por que enveredaram. Não sentem sequer que estão a vender a alma ao diabo, porque se dividem em duas metades -- coisa que pessoas íntegras (inteiras) são incapazes de fazer.
Ter o país governado por pessoas assim, para quem a mentira é apenas parte da política, é chocante para leitores pensantes. Para quê dar o voto a tratantes destes? Pouco nos devemos admirar de ver o país na situação em que se encontra.
Mutatis mutandis, nas primeiras décadas após o 25 de Abril os políticos provinham das mais diversas profissões. Eram frequentemente pessoas que se tinham destacado no meio empresarial, na advocacia, na engenharia, na carreira universitária, na literatura, etc. Tinham o seu modo de vida, que interrompiam durante algum tempo para darem o seu contributo à governação de um país quer como membros do Governo, quer como deputados ou autarcas. Se não lhes agradava a situação, se os forçavam a cometer actos com os quais não concordavam minimamente, batiam com a porta, como tantos fizeram.
Hoje em dia, são já muito numerosos aqueles que são políticos tout court. Tiraram um curso, que isto de ser dr. é cada vez mais essencial, e fizeram da politica a sua carreira. Não têm outra profissão que não seja servir o partido. O que isto significa em termos de falta de independência e mesmo de servidão é facilmente imaginável. Eles não podem bater com a porta, não podem dizer "não" a uma política oficial, por muito que essa política interiormente lhes desagrade. Mas é possível que não desagrade mesmo. Já sabem que é assim na carreira por que enveredaram. Não sentem sequer que estão a vender a alma ao diabo, porque se dividem em duas metades -- coisa que pessoas íntegras (inteiras) são incapazes de fazer.
Ter o país governado por pessoas assim, para quem a mentira é apenas parte da política, é chocante para leitores pensantes. Para quê dar o voto a tratantes destes? Pouco nos devemos admirar de ver o país na situação em que se encontra.
1/05/2005
Ontem desapareceu-me um livro que, por esquecimento, deixei numa casa de banho da Fundação Gulbenkian. Numa fracção de segundos. Em bom português, ROUBARAM O MEU LIVRO!
Confesso que já nem consegui prestar grande atenção a Sequeira Costa. Passei o resto do concerto a matutar no assunto, tentando evitar a fúria. Porque o livro me foi dificílimo de arranjar, porque não foi muito barato, e porque preciso mesmo de acabar de o ler.
Não sei se me aborreceu mais o facto de ter sido espoliada, ou o facto disso ter acontecido justamente naquele local. Aliás, se não fosse na Gulbenkian (ou noutro ambiente frequentado pelo mesmo tipo de pessoas) o livro teria desaparecido? Muito provavelmente não.
Apesar de tudo, seria consolador se nos pudéssemos orgulhar de viver num país onde os livros fossem bens preciosos e motivo de cobiça...
Entretanto, dão-se alvíssaras a quem encontrar o meu Manzoni.
Confesso que já nem consegui prestar grande atenção a Sequeira Costa. Passei o resto do concerto a matutar no assunto, tentando evitar a fúria. Porque o livro me foi dificílimo de arranjar, porque não foi muito barato, e porque preciso mesmo de acabar de o ler.
Não sei se me aborreceu mais o facto de ter sido espoliada, ou o facto disso ter acontecido justamente naquele local. Aliás, se não fosse na Gulbenkian (ou noutro ambiente frequentado pelo mesmo tipo de pessoas) o livro teria desaparecido? Muito provavelmente não.
Apesar de tudo, seria consolador se nos pudéssemos orgulhar de viver num país onde os livros fossem bens preciosos e motivo de cobiça...
Entretanto, dão-se alvíssaras a quem encontrar o meu Manzoni.
Filosofia
O jornal "Público" destaca a notícia de uma professora de Filosofia, sem experiência nem formação na área do consumo, que foi requisitada em comissão de serviço de três anos para a vice-Presidência do Instituto do Consumidor. Remuneração-base: mais de 2800 euros mensais. A pessoa em questão integrou a comissão política nacional do PSD em 2002.
Nesta história, já não me admiro naturalmente das óbvias conotações poluíticas. O que me custa mesmo é ver denegrir o potencial valor real de alguém com uma boa base filosófica. Quem decretou que só os tecnocratas podem (vice-) dirigir órgãos estatais?
Nesta história, já não me admiro naturalmente das óbvias conotações poluíticas. O que me custa mesmo é ver denegrir o potencial valor real de alguém com uma boa base filosófica. Quem decretou que só os tecnocratas podem (vice-) dirigir órgãos estatais?
1/02/2005
Amanhecer
É cedo. A cidade não acordou ainda. Ouve-se passar um carro de vez em quando a subir celeremente a Alameda. Por uma vez, o condutor consegue fazer o trajecto no tempo que os anúncios atestam ser a distância entre novas urbanizações e o centro da cidade. Tudo está calmo, com o escuro da noite a cobrir ainda por igual tanta coisa que é diferente. O galo dos quintais das traseiras lança agora o seu primeiro grito, a que se segue um segundo. Será este o famoso galo que pensa que, sempre que canta, o sol se levanta? Insiste mais duas vezes, três. Acordou com toda a energia. Estes quintais da cidade, estrategicamente escondidos nas traseiras dos quarteirões que formam as ruas, dão-nos o cheiro do campo, embora de forma limitada. São terrenos que deixam crescer limoeiros e laranjeiras, nespereiras e figueiras, couves, salsa e coentros. Lá ao fundo do talhão das traseiras do meu prédio há uma grande araucária, que agora ainda se não divisa, e aqui perto de mim um vizinho plantou há pouco tempo uma bananeira que já cresceu o suficiente para nos mostrar belos cachos. O galo deve ter acordado os meus vizinhos de cima. O "patinhas" é o primeiro a dar sinal. Percorre a casa em passo de corrida a mostrar que é muito activo. É-o, de facto. Quem o oiça apenas de patas na alcatifa ou no mosaico da cozinha poderá imaginar que se trata de um cão pequenote, uma estimação que se tem num andar de cidade e se leva à rua obrigatoriamente para as incontornáveis necessidades. Nada disso. É um pitbull, verdadeira escola de musculação para a sua dona, que o leva ao relvado aqui perto, sempre bem preso e a receber enérgicas ordens de comando. Um relógio de parede bate as horas. Em prédios com vários inquilinos estes são relógios altamente inconvenientes. Informam-nos daquilo de que não queremos ser informados. À força. Em caso de insónias são como um martelo em cabeças cansadas. Os canos da água começam a fazer-se ouvir. Alguém está a destremunhar-se com a chicotada de um duche quente. Dentro em pouco estará na sua pastelaria habitual, pronto a tomar um café ainda mais acordante. Volta a cantar o galo, já sem o mesmo elan talvez, mas sempre duas vezes. Um dia alguém se lembrará de lhe cortar a goela. Acabar-se-á o som vivo do alvorecer desta parte do campo na cidade. Ficarão outros, e manter-se-á também o ocasional pio das gaivotas do Tejo que fogem do mau tempo no rio e se vêm empoleirar nos telhados aqui da zona. O barulho dos carros torna-se mais frequente. Um avião que está talvez a concluir uma longuíssima viagem desde a América sobrevoa a casa em direcção ao aeroporto não longe daqui. A cidade acorda lentamente, sem grandes sobressaltos. Não há sirenes de ambulâncias a conduzirem pessoas aflitas ao hospital, não há gritos de algazarra da vizinhança. Ainda não houve tempo para ninguém se zangar com outro humano das suas proximidades. Passa mais um avião. Os taxistas da Portela devem começar a agitar-se, perguntando-se se lhes vai calhar o bolo-rei ou a fava. Os primeiros pássaros chilreiam nas árvores. Trocam sinais sonoros uns com os outros. A passarada do quintal da escola primária da rua costuma rivalizar com a chilreada das crianças, mas isso será só daqui a umas horas. As portas que se abrem e fecham no andar de cima ecoam mais do que o normal. O elevador do prédio ainda não funcionou. Começou o primeiro ladrar dos cães. Um pássaro que não identifico canta lindamente aqui por perto. Responde-lhe um canário com trinados. A rua continua escura. As nuvens que decerto cobrem o céu fazem os aviões passar mais baixo. O cão madrugador insiste na sua tentativa de acordar a dúzia dos seus compadres da vizinhança. A velhota que julgo nunca ter visto nos muitos anos que moro neste edifício não lançou ainda o seu costumeiro grito "Ó Alfreeedo!", a chamar aquele que é o seu pronto-socorro em caso de necessidade. Espreito à procura de claridade através da janela. Um gato faz calmamente a sua lavagem matinal sobre a placa de cimento dos cubículos das arrecadações, a bom recato de eventuais investidas da cãzoada. Há luzes nalgumas casas, poucas. Só os pássaros e outra bicharada é que estão bem despertos já. O género humano citadino continua a estender o seu sono o mais possível. Entretanto, pessoas da periferia urbana estarão já a encher combóios e autocarros, a tagarelar alegremente ou a ter as primeiras desconversas do dia. É tudo sempre mais ou menos assim. Um acordar sem notícia, um despertar suave, com a placitude de tempos que dir-se-ia inalterados desde sempre.
1/01/2005
A prata da casa...
...está de boa saúde e recomenda-se.
Quinta do Vale Meão 2000 (tinto do Douro)
Integral das sonatas para piano de F. Lopes-Graça, tocadas por António Rosado (CD duplo)
«Portugal, hoje - O medo de existir», escrito por José Gil (RELÓGIO D'ÁGUA)
Para todos, votos de um 2005 cheio de saúde e oportunidades.
Quinta do Vale Meão 2000 (tinto do Douro)
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«Portugal, hoje - O medo de existir», escrito por José Gil (RELÓGIO D'ÁGUA)
Para todos, votos de um 2005 cheio de saúde e oportunidades.
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