Embora oficiosamente, Isaltino Morais anunciou já que pensa recandidatar-se à Câmara Municipal de Oeiras. Recorde-se que Isaltino, "o autarca-modelo", foi em 2002 substituído na Câmara para ocupar o cargo de Ministro das Cidades no governo de Durão Barroso. Abandonou posteriormente o seu cargo ministerial, na sequência de um escândalo muito badalado de fuga aos impostos e contas na Suiça de elevado montante.
Este anúncio de Isaltino e a sua provável vitória eleitoral são mais um sintoma do execrável panorama ético a que o país chegou. Como já sucedeu com outros autarcas e, possivelmente, sucederia com Fátima Felgueiras no seu concelho nortenho, a população votante preocupa-se fundamentalmente com o seu rincão territorial. Se Isaltino fez algumas trafulhices mas traz para o município benesses que os outros não trazem, i.e. mostra saber como manejar o Estado em benefício da autarquia, os processos judiciais que correm contra si nada contam. Muitos dirão mesmo: "Isso é lá com ele!" É aqui que reside a questão mais grave sob o ponto de vista democrático. Ao concederem-lhe o seu voto, os eleitores estão a ser coniventes e a endossarem a fraude, a corrupção e a mentira como actos que são, afinal, não só toleráveis mas mesmo perfeitamente admissíveis. A falta de sensibilidade para esta questão é sintoma gravíssimo da forma como a sociedade portuguesa está minada de alto a baixo.
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