O historiador económico Carlo Cipolla conta, num interessante livrinho intitulado "Conquistadores, Piratas e Mercadores" que a descoberta de jazidas de prata nos Alpes, no séc. XV, esteve na origem de uma importante reforma monetária: até então as moedas cunhadas na Europa eram finíssimas rodelinhas de ouro, prata ou bilhão (liga). A abundância de prata após aquela descoberta levou à cunhagem de moedas robustas, muito mais espessas do que as moedas medievais. Como novidade formal, ostentavam retratos fidedignos dos príncipes que as haviam mandado cunhar.
Em 1472 Veneza mandou cunhar a primeira moeda desta nova geração, ostentando o busto do doge. Dois anos mais tarde foi a vez de Milão, tendo esta o retrato do duque Galeazzo Maria Sforza.
As duas novas moedas foram recebidas no mercado com entusiasmo, de tal forma que ràpidamente foram imitadas noutros estados e países. Eram conhecidas popularmente por testoni, sinónimo, em italiano, de grande cabeça, cabeçorra.
De testoni ao portuguesíssimo tostão foi apenas um pequeno passo...
Por processo semelhante de corruptela tiveram os holandeses o daalder, os austríacos o taler, têm os americanos o seu dollar.
Como origem comum, o remoto antepassado joachimsthaler, depois simplificado para thaler, nome dado à enorme moeda de 27 gramas de prata que os condes de Schlick mandaram cunhar nos últimos anos do séc. XV, quando se descobriram importantes jazidas de prata nas minas de que eram proprietários no vale de Sankt Joachimsthal, na Boémia.
Os Joachimsthaler não eram mais do que as moedas feitas com a prata de Sankt Joachimsthal.
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