6/25/2005

Entre Esparta e Atenas

A presente imposição governamental de medidas de austeridade traz-me à memória o que frequentemente se passa com senhoras -- suponho que mais do que homens -- que vão a nutricionistas e médicos tipo Talón. Apesar de levarem para casa prescrições equilibradas mas austeras, que elas cumprem nos primeiros dias, volta e meia acham que "um dia não são dias" e, zuca!, lá se atiram a um bolo com carradas de chantilly, a um whiskizinho "que não faz mal de vez em quando", etc. São de Atenas, vão a Esparta para a cura, mas acabam por ficar a meio caminho entre Esparta e Atenas. A carne é fraca, como alguém disse. Por isso precisa de osso para a segurar.
Com os governantes passa-se muito do mesmo. Fazem entradas de genuínos espartanos e depois, pouco a pouco, lá vão abrindo mão de um precedente aqui para uns tantos membros do aparelho partidário, ali para as Forças Armadas, acolá para os juízes. Esquecem-se que todo o bom gestor, que queira impor respeito e motivar aqueles que dirige, não abre precedentes. Tal como um buraquito pequeno na peúga que depressa se transforma numa rotunda "batata", assim também o precedente é gazua para muitas portas que não se tencionava abrir.

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