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Primitivamente, "mês" era o período de tempo entre uma lua nova e a seguinte. Porém, como da contagem de doze luas resultavam menos dias do que aqueles que o ano efectivamente possui, aquela medida foi abandonada. Introduzido o calendário romano, manteve-se, no entanto, a designação "mês", que era mens- em latim, derivado do grego mene (lua). Daqui surgiram palavras como mensal, mesada e menstruação.
Como facilmente se entende pelos nomes, Setembro era antigamente o sétimo mês do ano, tal como Outubro era o oitavo, Novembro o nono e Dezembro o décimo. Seis dos restantes meses receberam nomes de deuses e dois de homens que, assim, conseguiram entrar no Olimpo.
Janeiro é, na sua origem, talvez o meu favorito. Mês charneira relativamente ao ano que finda e o outro que começa, deriva o seu nome do deus das duas caras: uma que olha para trás, a outra para a frente. É Janus, deus dos começos e dos fins. É o deus da "porta", que em latim era "janua". Infelizmente, Janus não ficou recordado no nome "porta", tendo que contentar-se com as portas pequenas das casas, que são as "janelas". (Em inglês, uma janela é vista como "wind's eye" (o olho do vento). Daí as "windows", que hoje usamos em computadores também.)
Fevereiro está ligado a "Februa", festa das limpezas. É o spring cleaning dos anglo-saxões. Março marca a chegada do bom tempo, quando o "general Inverno" já não consegue por si só derrotar tropas. As campanhas guerreiras podem começar. Por este motivo, é dedicado ao belicoso Marte.
Abril vem de "abrir". Abre-se a natureza, abrem-se as flores. A primavera, que é o "primeiro verão", abre-se de vez. Chove geralmente bastante. Chaucer compôs uns bonitos versos nas suas Canterbury Tales: "March winds / April showers / bring forth / May flowers.". No Portugal humorístico que parodiava o "Abril em Portugal", faziam-se cartazes mostrando um chapéu de chuva fechado e, em baixo, em grandes letras, "ABRI-LO EM PORTUGAL".
Maio é dedicado ao deus maior, o "deus maius", que é Júpiter. O Junho, em que estamos agora, é o mês da família, dedicado a Juno. Julho e Agosto são aqueles em que a mão do homem entrou. E, como se sabe, "onde o homem põe a mão, tira Deus a virtude". O Senado romano decidiu dar o nome de Júlio (César) ao mês que se seguia a Junho. De "Júlio" derivou "Julho". O pior foi que, depois, César Augusto não quis ficar atrás e reclamou igualmente um mês para si. Do "Augusto" resultou Agosto. A perversidade do caso aumenta pelo facto de Agosto ter então apenas 30 dias, o que colocaria Augusto em situação de inferioridade relativamente a Júlio. O Senado resolveu a questão da forma que os governantes ainda hoje gostam de utilizar: atacou o mais fraco. Como Fevereiro era o mês mais pobre em dias -- apenas nos anos bissextos lograva atingir os 30 dias -- foi-lhe retirado um dia para satisfazer a vã glória do imperador. Mesmo assim, do mal o menos, porque hoje sabe bem ter um Agosto com 31 dias.
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