2/05/2006

Fair play

Não é vulgar falar-se de futebol neste blog, mas quando se vê jogar com verdadeiro entusiasmo e real fair-play, como tem sido o caso da Taça das Nações Africanas, tem de escrever-se uma palavra. Os quartos-de-final entre os Camarões e a Costa do Marfim foram um verdadeiro deleite para todo o espectador que adora o fair-play. O jogo, que terminou 0-0 ao fim do tempo regulamentar, voltou a ficar empatado (1-1) no final da meia hora de prolongamento, pelo que houve que recorrer a grandes penalidades. Nenhum dos 11 jogadores de cada equipa, incluindo os guarda-redes, falhou. Quando se tornou obrigatório voltar ao número um dos marcadores de penaltis, aquele que é possivelmente o jogador mais cotado do torneio não conseguiu marcar. Do lado contrário, um jogador igualmente muito conhecido rematou certeiramente e deu a vitória ao seu país. A confraternização entre ambos os adversários foi notável. As atitudes éticas, de jogo viril mas limpo e de consideração pelo adversário que já se tinham visto durante o desafio, foram impecáveis. Jogadores que eram derrubados pelos seus opositores eram ajudados imediatamente a levantar-se por quem os tinha deitado ao chão. Um aperto de mão, uma palmada nas costas ou uma festa amiga na cabeça davam a sequência correcta. As ordens do árbitro não eram contestadas. Não se fizeram fitas na área para ludibriar quem dirigia a partida. Na altura da marcação das grandes penalidades, homens que até então tinham corrido quilómetros, ajoelharam-se em fila a pedir sorte ao seu Deus. Foi bom poder ver um jogo assim na televisão. África deu lição a muita Europa.

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