Os Cavaleiros do Templo, vulgo Templários, nasceram no tempo das Cruzadas, no final do século XI. O seu nome derivou do seu castelo-sede, construído sobre as ruínas do antigo templo de Salomão, em Jerusalém. Eram, no início, cavaleiros franceses que, ao entrarem para a Ordem com a nobre missão de protegerem os lugares santos onde Cristo nascera, se despojavam das suas terras, as quais ficavam a partir daí a pertencer à organização. Os Cavaleiros do Templo foram muito empreendedores e inovaram em vários aspectos. Graças à sua política e aos seus contactos entre o Médio Oriente e a Europa, depressa acumularam avultadas somas monetárias e uma área excepcional de terras. Foi este facto que, nos finais do século XIII e início do XIV, levou o rei de França, Filipe o Belo, cujos cofres estavam depauperados, a procurar derrubar os templários através de calúnias várias, quer baseadas em factos reais mas claramente empolados, quer forjadas para os desacreditar. As acusações incluíram eventuais alianças satânicas. A coroa queria apoderar-se da fortuna dos templários, o que em grande parte conseguiu. A Ordem acabou por ser extinta ou, em certos países, apenas transformada. O processo dos templários ficou célebre na história.
Quer em Espanha, no tempo dos Reis Católicos (finais do século XV), quer na Alemanha no século XX, os judeus foram perseguidos. Teoricamente, a questão do sangue impuro foi colocada em ambos os casos. Embora em contextos e proporções diferentes, tanto na Espanha como na Alemanha os judeus foram maltratados e mortos. Um outro ponto comum, decisivo: os judeus constituíam, regra geral, comunidades muito abastadas. Eram pessoas empreendedoras, faziam negócios lucrativos com facilidade e, como tal, conseguiram amealhar fortunas que outros cobiçaram. Tanto em Espanha como na Alemanha, os judeus viram os seus bens confiscados. A coroa espanhola do século XV e o regime de Hitler beneficiaram muito da fortuna acumulada pela comunidade judaica. Relativamente à Alemanha, ainda hoje existem processos a correr que obrigam à restituição de vários desses bens aos herdeiros dos despojados de então. Se não tivessem sido senhores de vastos bens, os judeus não teriam sido perseguidos como foram e não teriam sido alvo das calúnias que sobre eles lançaram.
Os muçulmanos em todo o mundo somam cerca de 1,2 biliões, mas só alguns são verdadeiramente importantes hoje em dia no que se refere ao "choque de civilizações". São aqueles que têm fortuna. Não feita à maneira dos templários ou dos judeus, mas acumulada em jazidas debaixo do seu solo. Em petróleo e em gás natural. O petróleo há muito que se tornou vital para o bem-estar social do ocidente. Fábricas, o que significa riqueza e empregos, e muito do que mexe à face da Terra no mundo ocidental apresenta uma larguíssima dependência de fontes energéticas. Bem mais de metade das reservas petrolíferas do mundo encontram-se no Médio Oriente dos muçulmanos. Entre os principais países produtores estão a Arábia Saudita, o Irão e o Iraque. A primeira, governada ditatorialmente, tem um bom relacionamento com o mundo ocidental. Igualmente outros territórios produtores de petróleo, como o Bahrein, Kuwait e o Qatar, mantêm boas relações com o ocidente. A grande questão coloca-se relativamente ao Iraque, já parcialmente ocupado por tropas ocidentais, e ao Irão. Graças aos significativos aumentos de preço do petróleo, o Irão possui hoje enormes reservas monetárias, com as quais pode fazer praticamente o que quiser. Significativamente, as nações do Médio Oriente que não colaborem com o poder ocidental, militar e economicamente mais forte, foram etiquetadas de Eixo do Mal pela administração americana, com razoável concordância da União Europeia.
Os factos à volta dos templários, dos judeus da Inquisição espanhola e da Alemanha de Hitler estão há muito enterrados. A história sobre os muçulmanos continua in the making.
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