2/15/2006

Respondendo ao repto do António "venham de lá poetas do vasto mundo", trago um poema de Alda Lara. Para quem a não conhece, é uma poetisa angolana, nascida em Benguela, que morreu em 1962 com 31 anos. Tendo tirado o curso de medicina nas universidades da então Metrópole (Lisboa e Coimbra), Alda Lara descreve como ninguém a saudade que sentia da sua mãe África, enquanto estudante universitária ultramarina. A sua poesia está toda compilada num livro intitulado "Poemas", que o seu marido editou já depois da sua morte. Tem vários poemas muito conhecidos, porque foram musicados (Meu bergantim, Testamento, Mãe negra), mas hoje proponho estoutro, que se chama "Herança" e foi escrito em 1950:

Meu filho:
que os teus braços sejam longos
como a minha esperança
nos longos dias...
e o teu corpo, que antevejo,
venha flexível e liso,
como a justiça que desejo...
Que os teus olhos nasçam poços
onde repouse p'ra sempre
a paz do tempo todo,
e o teu peito seja
tão grande e tão profundo,
que lhe possa confiar o mundo...



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