Na década de 80, um amigo americano a quem eu andava a mostrar uns locais de Lisboa comentou que a disposição das nossas avenidas lhe fazia lembrar um pouco o estilo de longas mesas de casamento com um bolo em cada ponta. Assim, a Avenida da Liberdade com o "bolo" do monumento dos Restauradores de um lado e o monumento do Marquês do outro; a Fontes Pereira de Melo, com a estátua do dito marquês numa das extremidades, corria depois até se encontrar com o outro "bolo" - a estátua de Saldanha. E assim por diante. Achei interessante o comentário, que nunca me tinha ocorrido.
Mas ele veio-me à cabeça nesta altura em que estão a chegar as eleições americanas e, com elas, o fim do segundo e último mandato do Presidente Bush. É curioso que o primeiro mandato tenha praticamente começado com as torres do World Trade Center, ícones da alta finança e do comércio mundial, a serem destruídas - infelizmente com a morte de mais de três milhares de pessoas inocentes. Agora, no final da longa avenida do tempo, são, metaforicamente, as torres da banca de investimentos e das companhias de seguros dos Estados Unidos a ruírem com o maior choque financeiro que a América conhece desde a Grande Depressão.
Se pensarmos nos muitos milhares de iraquianos e nalguns milhares de militares americanos que, neste meio tempo, já perderam a vida na guerra iniciada por Bush no território da antiga Mesopotâmia, compreendemos por que razão os mandatos bushianos não vão deixar saudades a muita gente.
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