Como era de prever, o meu texto provocou comentários de curiosidade e algumas reacções. Reacções naturais contra alguém que não comunga dos ideais da esquerda, mas nem por isso deixa de amar o seu semelhante e o seu país. É interessante verificar que, como julgadora do seu próprio estatuto, a esquerda se revê como possuidora da intelectualidade, inspiradora de numerosas virtudes, deixando para a direita a materialidade e mesmo a boçalidade. Contudo, apesar das suas imensas auto-proclamadas virtudes, sempre que está no governo a esquerda não demonstra infelizmente essas mesmas virtudes. Os eleitores não hesitam em puni-la e entregar o poder a quem sabe construir riqueza. É que sem riqueza é mais pesado o fardo da vida. Como dizia uma conhecida escritora francesa, "Podem dizer que o dinheiro não interessa, mas quanto a mim prefiro chorar num BMW a chorar num autocarro!"
Os blogs são predominantemente de esquerda. É uma constatação fácil. Neste, que inclui também alguns esquerdóides mas moderados e democráticos, existe alguma diversidade. Co-existimos bem.
O meu tema anterior era o da lamúria constante de protesto contra os governantes. Só se sabe dizer mal. Ora, quem só diz mal nem é construtivo nem é sincero. A oposição pretende basicamente que o Governo do Dr. Pedro Santana Lopes caia para que ela lá se instale. É tudo uma questão de poleiro, não de rumo para a nação. Veja-se o posicionamento de J. Sócrates na Assembleia da República 5ª feira passada. Em vez de apresentar as linhas-mestras de um contra-programa que fizesse sentido e fosse porventura coerente, J. Sócrates, certamente inspirado no "Combate dos Chefes" (cf. Asterix), pôs-se a questionar a legitimidade do Primeiro-Ministro. Com isso pôs em causa, inadvertida ou conscientemente, o Presidente da República.
Quererei eu dizer que o actual Governo tem feito tudo bem? Claro que não. "Errare humanum est" e, por exemplo, o episódio do início do ano lectivo nas escolas básicas e secundárias foi muito triste e sintomático da necessidade de renovação de técnicos no Ministério respectivo.
É sempre mais fácil falar do que fazer. Os portugueses, notou um dia um nosso escritor-político, "ou se gabam ou se queixam, sendo que os mais dotados combinam as duas formas, conseguindo gabar-se quando se queixam ou queixar-se quando se gabam". Quando vejo muita esquerda a escrever e a falar, não sei porquê lembro-me desta frase. E lembro-me também, por contraste, de uma clássica expressão latina: "Res non verba".
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