Qual é a razão verdadeira por que tantos europeus estão contra Bush, enquanto os seus concidadãos se preparam para o re-eleger? Será que os europeus são mesmo mais inteligentes do que os americanos, ou apenas se crêem mais inteligentes? Para formular uma possível resposta a esta questão, vejamos algo que nos é mais próximo e bem conhecido.
Recordemos o caso de Alberto João Jardim. Os continentais adoptam perante o dinossáurico governante da Região Autónoma da Madeira uma posição semelhante à que os europeus tomam perante os americanos: total incredulidade ante o "desatino" dos madeirenses em colocar o seu voto -- ainda por cima secreto -- a favor do controverso Alberto João. Será que os continentais são mais inteligentes do que os madeirenses?
A resposta parece-me muito semelhante à que é válida para Bush: seja através da manipulação da informação, seja por factos concretos, a maioria da população local sente que os benefícios que resultam da actuação do seu Presidente superam em muito eventuais desvantagens. Contudo, para todos os outros que vêem, de longe e incrédulos, as sucessivas re-eleições, não existem praticamente nenhumas vantagens. Em contrapartida, as desvantagens são inúmeras. No caso específico de Jardim, o continente vê-se sugado de fundos a favor de um ditador insular que ainda por cima trata os continentais com enorme desprezo. No que respeita a Bush, a Europa vê com apreensão declarações bélicas, actos de terrorismo que a podem atingir, e afirmações que contêm conceitos venenosos como "velha e nova Europa". Como poderiam os europeus, no seu conjunto, apoiar Bush se dele não colhem quaisquer benefícios?
Esta não é, obviamente, a visão de muitos eleitores dos Estados Unidos. O super-homem é americano e a super-nação tem que se mostrar super perante o mundo, distinguindo-se das demais e iluminando-as com o seu facho civilizacional. Tendo em consideração que se prevê que fontes naturais de energia, nomeadamente de petróleo e gás, essenciais para a manutenção dos negócios e da economia americana, irão escassear por alturas dos meados deste século, torna-se estrategicamente mais do que justificado que o governante máximo dos Estados Unidos queira ter as reservas principais desses combustíveis sob seu controlo. Se estão em território de Alá, apenas há que encontrar a melhor maneira de subjugar as populações através da máquina militar mais poderosa do mundo. Bush está portanto a fazer algo que, à luz do futuro dos Estados Unidos, representa um claro benefício para os cidadãos que têm a vantagem de possuir um passaporte americano. Acredito que muitos portugueses há vários anos residentes nos EUA e hoje já cidadãos americanos votem Bush nas próximas eleições.
A maioria das pessoas rege-se pelos seus interesses, presentes e futuros. Talvez não devêssemos estranhar tanto as re-eleições quer de Jardim, quer de George W.
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