Há tempos recordei aqui neste blog a infância de Sant'Anna Slotes e a sua incontornável tendência para os porquinhos-mealheiro (cf. azweblog Dezembro 2003). O certo é que estes jeitos de criança têm fortes probabilidades de se manter durante a idade adulta e, eventualmente, de se materializarem se a pessoa em questão detém o poder. É assim que o Casino de Lisboa vai para a frente, nos terrenos da EXPO. Quem lá mora vai gostar cada vez menos: escolheu o local pela sua beleza e recato, e apanha cada vez mais com visitantes e automóveis. O homem da Figueira-do-Casino vai assim conseguir para o seu sucessor na Câmara Municipal de Lisboa as moedas nos "slotes" que ele próprio sempre pretendeu.
Mas ser Primeiro-Ministro é mais, muito mais do que Presidente de Câmara. Daí que presentemente os voos sejam mais altos, embora o princípio seja basicamente o mesmo. Ei-lo agora a demonstrar a sua mentalidade de alguém que jogou muito Monopólio quando era rapaz e entendeu o real valor das empresas de serviços. Quem lá cai, paga. Nada melhor para isso do que as SCUT. Vão ser pagas pelos utentes. Que interessam as promessas passadas de outros governos às populações? Lança-se o anátema sobre os diabos socialistas e atira-se a promessa de Estado às malvas. O Governo assume o papel de detentor incontestável da verdade... e, já agora, de recebedor dos proveitos de portagens de norte a sul. Aos 1209 quilómetros de auto-estradas com portagem que hoje os portugueses já pagam, vão juntar-se 952 km. a partir de 2005. É o conceito do casino-sobre-rodas aplicado à escala nacional. Quem diz que a direita não sabe fazer dinheiro?
Entretanto, poucas pessoas estranharão que, em Janeiro próximo ou mesmo antes, se oiça o slogan de norte a sul: "Santana, eSCUTa, o povo está em luta!"
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