9/06/2005

Crise?

Quando os portugueses falam em crise -- económica e de valores -- adicionam-lhe a ideia pessimista de que hoje nada é como dantes. Este posicionamento é, afinal, típico de tempos de mudança. E todo o tempo é de mudança, só que mais ou menos acelerada. Se tomado por pessoas a título individual, o posicionamento pessimista é sintoma do envelhecimento de cada um, da dificuldade de adaptação aos novos tempos e às transformações que estes em si acarretam. Se tomado por uma nação nas suas várias manifestações, espelha uma velhice já não só individual mas de um todo, o que pressupõe a predominância do peso da idade nesse todo. (O próximo combate entre dois velhos chefes para a Presidência deste país envelhecido é disso também um sintoma.)
A verdade é que, para espíritos jovens, mudanças são sempre mais portas de oportunidades do que de reais ameaças. O problema do envelhecimento da nação é, portanto, mais grave que o do esporádico individual, porque pode envenenar o natural espírito de iniciativa dos jovens, tornando-os, através de um enquadramento pernicioso, velhos antes de tempo.

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