Na sociedade competitiva em que vivemos, que exige de muitos de nós constantes esforços para nos cultivarmos e nos superarmos a nós próprios, será normal o casamento para toda a vida? Repare-se que, longe dos mais plácidos tempos em que se vivia num pronunciado ritmo de rotina, presentemente há muitas empresas e demais instituições que exigem renovadas acções de formação e definem objectivos ambiciosos para quem nelas trabalha; neste sentido, a dinâmica das nossas vidas está a largas milhas da calma e do sossego de outros tempos. Os apelos sociais também são em muito maior número do que no passado.
Ora, a sociedade baseia-se em indivíduos. Não em casais. São os indivíduos que, como células únicas, realizam produção, em coordenação com outras células. A situação mais comum é a de que, no caso de ambos os membros do casal possuírem um emprego, este seja diferente para cada um deles. Nesta linha de não-coincidência para ambos de necessidades de promoção de status e mesmo de oportunidades para progredirem, tem de considerar-se como perfeitamente natural que um deles acabe por superar em muito o outro, tornando divergentes alguns dos interesses e expectativas do casal -- contrariamente ao que sucedia quando decidiram casar-se. É aqui que a pergunta se coloca: será o casamento uma instituição para toda a vida? Não tenderá a rotina ou a frustração a instalar-se progressivamente num dos cônjuges a certa altura? Não será, pelo menos, mais provável que isso aconteça nos dias de hoje do que no passado?
Sem comentários:
Enviar um comentário