7/08/2005

Londres

O choque foi maior por termos presenciado, no dia imediatamente anterior, explosões de alegria da população pela vitória na candidatura aos Olímpicos. Em Londres, mais vítimas inocentes caíram, algumas das quais terão possivelmente participado nas impressionantes manifestações através das ruas da cidade contra a política de Bush e Blair de invasão do Iraque. Entretanto, os G8 reuniram-se na Escócia, custodiados por milhares de seguranças. Concordaram em conceder ajudas monetárias, mas mantiveram os seus subsídios nacionais à agricultura, que, sabemo-lo bem, prejudicam fortemente aqueles que eles dizem querer ajudar. O neo-colonialismo mantém-se, assim como a ditadura do capital, que desrespeita povos, fronteiras, soberanias e culturas.
Entendemos tudo isto e, depois, sentimo-nos como frente ao imenso mar. Sabemos com precisão quais são as horas das suas marés, conhecemos várias das suas correntes, temos consciência das suas eventuais fúrias, possuímos conhecimento razoável dos peixes que nele vivem. Mas de que nos serve toda esta compreensão e conhecimento, se não o podemos verdadeiramente controlar?
É bem possível que, no caso dos mares e oceanos, naturais como são, seja até bom que não os possamos controlar. Já no que respeita às situações criadas pelo homem e profundamente injustas, constatamos que o seu entendimento só é realmente útil -- em termos materiais -- àqueles que pretendem entrar nesse iníquo sistema. Aos que insistem em manter-se íntegros, resta a força do protesto.

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