Numa conferência a que há anos, por dever de ofício, assisti, acabei por aprender várias coisas que me ficaram até hoje. O palestrante, simpaticamente informal, era um indivíduo pertencente a uma minoria católica síria. Falou-nos das dificuldades das minorias religiosas, mas onde decerto impressionou mais a assistência foi ao realçar os problemas ocasionados pela falta de água. Chegou a dizer: "Se tivéssemos água em quantidade suficiente, como vocês aqui, a maior parte dos nossos problemas não existiriam."
Lembrei-me deste indivíduo quando há dias li no Público um caso típico de falta de civismo, generalizada e consciente. Neste ano terrível de seca, em que a chuva teima em não cair lá de cima, eis que os números nos informam que, durante o passado mês de Junho, o consumo de água no Algarve ultrapassou os gastos do mesmo mês do ano passado em 20 por cento! A agravar o caso -- ou talvez não, para os curtos de vista --, outra notícia diz-nos que foram reactivados mais de 20 furos no Barlavento algarvio. Albufeira e Portimão são os concelhos que verão mais furos desactivados voltar a jorrar água, mas também Lagos, Lagoa e Vila do Bispo vão activar os seus furos, numa média de entre três e dez furos por município.
Creio que, infelizmente, vai haver más razões para eu me lembrar mais vezes das palavras do sírio de minoria católica.
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