10/31/2005

Atiradores furtivos

Durante largos anos tive como colega um indivíduo que era particularmente arguto e pragmático no seu comportamento. Tendo passado por vários cargos na instituição em que trabalhava, foi-se precavendo relativamente a umas quantas pessoas que poderiam eventualmente pregar-lhe rasteiras, prejudicando-o, portanto. Como antídoto para eventuais males futuros, coleccionou dessas pessoas alguns documentos oficiais que, de uma forma ou doutra, as comprometiam. Um dia, mostrou-me a sua pequena mas valiosa colecção e confessou-me que dois dos colegas já o tinham tentado "entalar". "Bastou-me chamar-lhes a atenção. Lembrei-lhes que possuía documentos que não os favoreciam", contou-me. E assim passou incólume pela instituição até se reformar.
Esta história vem a propósito da recentemente eleita presidente de uma autarquia a norte do Porto. O que tem na manga é, creio, demasiado comprometedor para determinadas pessoas, quiçá um partido. Se a maçam demais, ela ameaçará lançar toda a artilharia de que dispõe. Os anarcas rir-se-iam: "Desculpem esta injustiçazinha. A democracia segue dentro de momentos."

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