Há algum tempo, foi detectado numa escola de ensino superior de Lisboa um número inusitado de estudantes a usar, em diversos exames, aqueles papelinhos auxiliares a que vulgarmente se chama cábulas. Algumas das fraudulentas formas de alcançar boas notas até requeriam boa imaginação e mostraram um aturado trabalho prévio. O mais curioso de tudo é que os estudantes em questão possuíam no seu plano de estudos um item que foi introduzido há uns anos para dar satisfação ao politicamente correcto (e não só): a cadeira de Ética. Constatou-se depois, por curiosidade, que vários dos alunos apanhados em flagrante delito tinham obtido boas notas na disciplina. Saliente-se que a escola em questão possui códigos de conduta para docentes e para discentes.
Veio-me à memória este facto -- espero que, no futuro, eu possa dizer "por contraste e não por semelhança" -- quando li que ontem foi assinado por um número significativo de empresários e gestores de renome um código de ética, que nas suas obrigações inclui "lutar activamente contra todas as situações de fraude, designadamente cumprindo todas as obrigações fiscais", "não praticar qualquer acto económico à margem da lei" e "não influenciar de modo ilegítimo a decisão política".
Ámen.
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