Fui ontem, dia da reinauguração do Museu, dar uma vista de olhos pelo espólio do Rafael. Tendo conhecido o antigo edifício, encontrei agora uma mais-valia importante: um anexo na parte de trás destinado a exposições temporárias.
É sempre um gosto conviver com a irreverência do Bordalo Pinheiro caricaturista e com a criatividade e arte do ceramista. É sempre bom relembrar a evolução da figura do Zé Povinho -- agora também disponível em sistema informático de acesso simples e correcto --, o António Maria, o ódio aos ingleses que Portugal naquele tempo sentia, a crise do Finis Patriae. E, depois, há a possibilidade soberana de encontrar as caricaturas ou retratos de alguns dos grandes intérpretes daquele tempo, que hoje, para muitos, não passam de simples nomes de ruas da cidade: Saraiva de Carvalho, Rodrigues Sampaio, Anselmo Braancamp, Dias Ferreira, Fontes Pereira de Melo, Rosa Araújo, Henrique Burnay, Bulhão Pato, Herculano, Camilo, Eça, Ramalho.
Quando lá for, não deixe de reparar em caricaturas como O Canto Coral, em que um maestro empunha a batuta e ensina numerosos citadinos engravatados a cantarem o hino inglês. É dessa altura que temos os célebres versos "Contra os bretões, marchar, marchar", que regras do politicamente correcto transformaram no mais bravo e também mais suicida "Contra os canhões, marchar, marchar" do nosso hino.
Se for lá proximamente, veja ainda, no anexo, um bonito sol da Ana Vidigal feito com a Margarida Donald, pare para ver uns desenhos da Paula Rego, uns quadros do Batarda e ler um lindo texto ao espelho.
Vale a pena.
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