10/10/2005

O pano de fundo das eleições

Surpresas? Não, de facto. Em 2001, Guterres foi punido por um povo que estava farto de falatório e poucas benesses. Farto estava ele próprio também e, na noite do apuramento dos resultados, foi-se embora. Há meses, quando os portugueses estavam mais do que fartos da fuga do Durinho e do comportamento do Lopes, ofereceram nas legislativas a maioria absoluta ao PS. Agora, que estão fartos das necessárias reformas do Sócrates -- e mais fartos ficarão de algumas que vêm a seguir, como por exemplo a lei das rendas nas cidades de Lisboa e Porto --, voltam a castigar o partido socialista. É verdade que autárquicas não são legislativas, mas o pano de fundo lá está: o descontentamento. O inverso também é verdadeiro: quem se agradou do que lhe deram vota em quem o tratou bem anteriormente. Vide Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Isaltino de Morais. Nos casos em que os "independentes" tinham trabalhado bem anteriormente, a população votou neles e esteve-se marimbando para os partidos. Se não havia razão para agradecimento, "no, thank you", como foi dito a Ferreira Torres. Houve, como sempre, muitos que preferiram abster-se, enquanto outros acharam por bem voltar-se para um partido comunista mais simpático.
Surpresas? De facto, não.

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